foto: O Globo
Menino de Rua
Menino de Rua
Menino de Rua, garoto indigente
Infanto Carente,
Não sabe onde vai
Menino de Rua, assim maltrapilho
De quem tu és filho
Onde anda o teu pai?
Tu vagas incerto não achas abrigo
Tu vagas incerto não achas abrigo
Exposto ao perigo
De um drama de horror
É sobre a sarjeta que dormes teu sono,
No grande abandono
Não tens protetor
Meu Deus! Que tristeza! Que vida esta tua
Menino de Rua,
Tu andas em vão
Ninguém te conhece, nem sabe o teu nome
Com frio e com fome
Sem roupa e sem pão
Ao léu do desprezo dormes ao relento
O teu sofrimento
Não posso julgar,
Ninguém te auxilia, ninguém te consola,
Cadê tua escola,
Teus pais, teu lar?
Seguindo constante teu duro caminho
Tu vives sozinho
Não és de ninguém
Às vezes pensando na vida que levas
Te ocultas nas trevas
Com medo de alguém
Assim continuas de noite e de dia
Não tens alegria
Não cantas nem ri
No caos de incerteza que o seu mundo encerra
Os grandes da terra
Não zelam por ti
Teus olhos demonstram a dor, a tristeza,
Miséria, pobreza
E cruéis privações
E enquanto estas dores tu vives pensando,
Vão ricos roubando
Milhões e milhões
Garoto eu desejo que em vez deste inferno
Tu tenhas caderno
Também professor
Menino de Rua de ti não me esqueço
E aqui te ofereço
Meu canto de dor
Antônio Gonçalves da Silva mundialmente conhecido como Patativa de Assaré, nasceu em Serra de Santana, em Assaré, uma pequena cidade no sertão do Ceará, no dia 5 de março de 1909. É o segundo filho de Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva.
Os fatos mais determinantes de sua vida aconteceram quando ele ainda era menino, como a perda da visão de um olho aos quatro anos e a morte do pai aos nove.
Os fatos mais determinantes de sua vida aconteceram quando ele ainda era menino, como a perda da visão de um olho aos quatro anos e a morte do pai aos nove.
Não frequentou mais de seis meses de escola, o que não o impediu de manejar a língua portuguesa com criatividade e sofisticação.
Autodidata, ele aprendeu a dominar seus segredos na leitura de livros, especialmente dos poetas da terra, além de jornais e revistas, mais do que nas gramáticas, que nunca o atraíram. Agricultor por necessidade de sobrevivência desde tenra idade, Patativa encontrou cedo também a viola, empunhando-a, ainda adolescente, junto com seus versos, em circuitos populares de feiras e festas.
No livro Cante lá que eu canto cá , o poeta dizia que no sertão enfrentava a fome, a dor e a miséria, e que para ser poeta de vera é preciso ter sofrimento.
A veia política causou-lhe problemas mais de uma vez.
Em 1943, chegou a ser preso por ter ironizado em versos a frequente ausência no posto do então prefeito de Assaré, sua terra natal. Mas a prisão não demorou mais de 15 minutos, e o poeta foi logo liberado.
Quando completou 91 anos de idade com a saúde abalada por uma queda e a memória começando a faltar, Patativa dizia que não escrevia mais porque, ao longo de sua vida, já tinha dito tudo que tinha de dizer.
O velho poeta, que soube como ninguém narrar as dores e o sofrimento de um povo marginalizado e oprimido, que viu de perto as agruras de retirantes, fugindo de suas terras por conta de uma secura sem fim, morreu em 8 de julho de 2002, na mesma cidade em que nasceu e que lhe emprestou o nome.
Autodidata, ele aprendeu a dominar seus segredos na leitura de livros, especialmente dos poetas da terra, além de jornais e revistas, mais do que nas gramáticas, que nunca o atraíram. Agricultor por necessidade de sobrevivência desde tenra idade, Patativa encontrou cedo também a viola, empunhando-a, ainda adolescente, junto com seus versos, em circuitos populares de feiras e festas.
No livro Cante lá que eu canto cá , o poeta dizia que no sertão enfrentava a fome, a dor e a miséria, e que para ser poeta de vera é preciso ter sofrimento.
A veia política causou-lhe problemas mais de uma vez.
Em 1943, chegou a ser preso por ter ironizado em versos a frequente ausência no posto do então prefeito de Assaré, sua terra natal. Mas a prisão não demorou mais de 15 minutos, e o poeta foi logo liberado.
Quando completou 91 anos de idade com a saúde abalada por uma queda e a memória começando a faltar, Patativa dizia que não escrevia mais porque, ao longo de sua vida, já tinha dito tudo que tinha de dizer.
O velho poeta, que soube como ninguém narrar as dores e o sofrimento de um povo marginalizado e oprimido, que viu de perto as agruras de retirantes, fugindo de suas terras por conta de uma secura sem fim, morreu em 8 de julho de 2002, na mesma cidade em que nasceu e que lhe emprestou o nome.
Livros de Poesias
Inspiração Nordestina: Cantos do Patativa -1967
Cante Lá que Eu Canto Cá - 1978
Ispinho e Fulô - 1988
Balceiro. Patativa e Outros Poetas de Assaré - 1991
Cordéis - 1993
Aqui Tem Coisa - 1994
Biblioteca de Cordel: Patativa do Assaré - 2000
Balceiro 2. Patativa e Outros Poetas de Assaré - 2001
Ao pé da mesa – 2001
Antologia Poética (Org. Gilmar de Carvalho) - 2002
Cordéis e Outros Poemas (Org. Gilmar de Carvalho) - 2008
Poemas
A Triste Partida;
Cante Lá que eu Canto Cá;
Coisas do Rio de Janeiro;
Meu Protesto;
Mote/Glosas;
Peixe;
O Poeta da Roça;
Apelo dum Agricultor;
Se Existe Inferno;
Vaca estrela e Boi Fubá;
Você se Lembra?
Vou Vorá;
Caboclo Roceiro
A vida do Patativa do Assaré foi retratada em Concerto de Ispinho e Fulô, da Cia. do Tijolo, peça que deu a William Guedes o Prêmio Shell de Teatro em 2009 na categoria de melhor música. A mesma companhia também retratou o poeta na peça Cante Lá que Eu Canto Cá.
O poeta também foi retratado no filme documentário Patativa do Assaré - Ave Poesia, realizado pelo cineasta Rosemberg Cariry, que estreou nos cinemas em 2009.
Tens que conhecer os poemas de Artur Eduardo Benevides. Eu fiquei encantada com esse seu conterrâneo.
ResponderExcluirOla rachel,
ResponderExcluirde fato o conterrâneo é bom nas letras.