sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Saboeiro, no Sertão dos Inhamuns


Vista da Igreja Matriz e arredores em tempos passados

As terras às margens do Rio Jaguaribe, onde atualmente se encontra o munícipio de Saboeiro, eram habitadas por índios inhamuns na época do povoamento. Ventura Rodrigues e Domingos Rodrigues, criadores de gado vacum e cavalar, moradores da capitania do Siará Grande, requereram conjuntamente, ao capitão-mor Manuel da Fonseca Jaime, e obtiveram em 4 de junho de 1718, a concessão de três léguas de comprimento, por uma de largura, para cada lado do riacho que descobriram entre os sítios Santa Cruz e Santo Antônio. Três anos mais tarde , o capitão Salvador Alves da Silva, atendendo à petição de Lourenço Alves Feitosa, concedeu-lhe em 21 de agosto de 1721, uma légua de terra no Rio Jaguaribe, chamada Santa Cruz de Baixo, entre os sítios Camaleões e Santa Cruz de Cima. Os posseiros ali estabeleceram fazendas de criar e deram início a algumas plantações. 

ruínas do Sitio Santo Antônio

Segundo a tradição, moravam nestas paragens, vindos de Icó, sete irmãos portugueses – seis mulheres e um homem de sobrenome Carvalho: Domingos Sancho, Eugênia, Agostinha, Anacleta, Antônia, Suzana e Altamira. José de Oliveira Bastos, português que adquiriu fortuna com a agropecuária, casou com uma das irmãs, Antônia Franca de Carvalho, vindo a residir numa fazenda próxima à cidade, possivelmente no sítio Santa Cruz, que depois mudou o nome para Caracará ou Carcará, daí surgindo numerosa prole, origem da família Feitosa Carcará, tradicionalmente conhecidos na província.

Prédio onde funcionou a Prefeitura Municipal antiga Casa de Câmara e Cadeia

A esse conjunto de pioneiros juntaram-se moradores vindos de outras regiões e formou-se o Arraial de Santa Cruz do Carcará, tradicionalmente próspero e a adotar costumes domésticos que outros redutos não possuíam. Como formas de opulência e exibicionismo, as redes atadas nos alpendres residenciais o eram em armadores de ouro e correntes trabalhadas no mesmo metal.  

O município foi criado por Resolução Imperial de 3 de fevereiro de 1823, com sede na povoação de São Mateus, então elevada à categoria de Vila. Somente 28 anos mais tarde, é que a sede do município foi transferida para a povoação de Saboeiro, antiga Santa Cruz do Carcará, por força da Lei Provincial n° 558, de 27 de novembro de 1851. 

Casa do Visconde de Icó em Saboeiro

Em 24 de dezembro de 1856 o doutor Manuel Fernandes Vieira e seu pai, Francisco Fernandes Vieira, Visconde do Icó, pediram autorização para que fosse edificada uma igreja dedicada ao Santíssimo Sacramento em substituição à capela então existente, no que foram atendidos por despacho do bispo de Pernambuco, em janeiro de 1857, realizando-se a solenidade de lançamento da pedra fundamental. Apesar das providências de vários padres que passaram pela freguesia entre 1856 e 1887, a igreja nunca chegou a ser concluída. A atual igreja matriz de Saboeiro foi construída em fins do século XVIII. 

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Purificação

Em 1913, uma lei estadual extinguiu o município de Saboeiro, tornando-o distrito de Tauá; no ano seguinte, uma nova lei restaurou-o, para ser novamente extinto em 1928. Saboeiro retomou o status de município em 23 de maio de 1935, compondo-se então dos distritos da sede e Bebedouro. 

Vista da cidade (foto Mais FM Iguatu)

Saboeiro está localizada na zona fisiográfica do sertão do sudoeste cearense, na microrregião do sertão dos Inhamuns, com o território totalmente incluído no polígono das secas. Limita-se ao Norte com as cidades de Catarina e Acopiara, a Leste: Jucás: ao Sul: Antonina do Norte e Tarrafas e a Oeste: Aiuaba. Sua população estimada em 2017 era de 15.752 habitantes. O município tem seis distritos: Saboeiro (sede), Barrinha, Felipe, Flamengo, Malhada e São José. 

fontes:
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros - IBGE-1959
Fotos: IPHAN e IBGE