quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Itapipoca

Praça Perilo Teixeira (foto: Wikipédia)

População - 116.065 habitantes - IBGE 2010
Área da unidade territorial – 1.614,159 km²
Densidade demográfica – 72,38 hab/km²           
Limites 
Norte: Oceano Atlântico; Leste: Trairi e Tururu; Sul: Uruburetama e Itapajé;  
Oeste: Miraíma e Amontada.
Distância de Fortaleza – 130 km
Localização 
 mesorregião Norte cearense
Microrregião – Itapipoca 
É conhecida como "cidade dos três climas", por haver em seu território praias, serras e o sertão.
tem seu território situado dentro de
três unidades geo-ambientais:  serra fazendo parte do maciço residual de Uruburetama,
depressão sertaneja e litoral.

Estação de Itapipoca, anos 70 (foto do site estações ferroviárias)
Com a expansão da pecuária no ciclo do couro e da agricultura do algodão, a ocupação é intensificada e Itapipoca se consolida como centro urbano no século XIX. Nos planos de ligação Fortaleza-Sobral através dos caminhos de ferro no século XX, surge a estrada de ferro de Itapipoca com três estações: Rajada, Itapipoca e Craúna/Anario Braga. Com a estrada de ferro, Itapipoca consolida-se como centro comercial.  

O povoado de Itapipoca teve sua colonização oficial a 13 de abril de 1744, com a concessão de uma sesmaria na serra de Uruburetama, ao Sargento Mor Francisco Pinheiro do Lago, que em seguida repassou para seu genro Jerônimo Guimarães de Freitas (fundador oficial de Itapipoca) e sua esposa Francisca Pinheira do Lago. 
Situada entre serras e o mar, inicialmente chamada de São José de 1744 a 1823. Com sua emancipação política a 17 de outubro de 1823 passou a chamar-se de Vila da Imperatriz (hoje distrito de Arapari).

Igreja Matriz de Nossa Senhora das Mercês. Construção em estilo barroco, iniciada em 1881, pelo Monsenhor Antero José de Lima, e concluída (ainda que parcialmente) em 1887, pelo Frei Cassiano de Camachio. Tem capacidade para abrigar 1800 pessoas.  É uma das mais belas e importantes obras do Patrimônio Histórico e Cultural daquele município e do Estado do Ceará.  foto do site:  http://www.panoramio.com/photo/8662858

Nos anos de 1844 a 1850 foram construídos diversos armazéns para a venda de fardos de algodão vindos da serra e destinados à Capital. O intercâmbio comercial atrai novas famílias para o local, principalmente entre os anos de 1860 a 1865 quando o algodão alcança preços altos no mercado exterior
Em 31 de Agosto de 1915 já com sede administrativa no Arraial de Itapipoca foi elevada à categoria de Cidade de Itapipoca. Sua colonização foi iniciada há 319 anos, em 7 de outubro de 1683 (século XVII).


Praia da Baleia (foto Wikipédia)
Localizada a 55 quilômetros de Itapipoca, a praia teria esse nome porque, conta a lenda, as baleias costumavam encalhar nesta faixa do litoral Itapipoquense. A história não foi comprovada, mas há cinco anos, uma maré forte cavou um trecho da praia, revelando a ossada de um grande animal; a ossada ainda está lá enterrada na zona de maré e somente pesquisas poderão atestar se é realmente de uma baleia.

O litoral de Itapipoca é formado por 25 quilômetros de praias, sendo as principais: Baleia, Praia do Maceió, Praia do Apiques e das Pedrinhas, além da Barra do Rio Mundaú e as lagoas de Humaitá e do Mato. Praticamente todo o território está localizado na bacia hidrográfica do Rio Mundaú e seus afluentes, rio Cruxati e os riachos Taboca, Sororó, Quandú e o córrego dos Tanques. Os maiores açudes são: Poço Verde, com capacidade de 13.650.000 m³, e o Quandú, com capacidade de 4.000.000 m³. Na área litorânea existem ainda grandes lagoas como Humaitá e do Mato. 

 Açude da Nação - foto: http://www.panoramio.com/photo/17374202

Em 2010, começaram as obras de construção do Açude Gameleira, que barrará as águas do rio Mundaú, nas fronteiras dos municípios vizinhos de Trairi e Tururu. Este açude terá a capacidade de armazenar 52.642.000 metros cúbicos, isso significará uma capacidade três vezes maior de abastecimento de água para Itapipoca, e os referidos municípios vizinhos.
o município é constituído pelos seguintes distritos: Itapipoca, Arapari, Assunção, Baleia, Barrento, Bela Vista, Calugi, Cruxati, Deserto, Ipu Mazagão, Lagoa das Mercês e Marinheiros. 
fontes:
http://www.estacoesferroviarias.com.br
IBGE
Wikipédia
Governo Municipal de Itapipoca

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A Arte em tempos de Repressão e o Pessoal do Ceará



A produção artística cearense teria grande importância na conjuntura das lutas populares nos anos 1960 e mesmo de resistência à Ditadura Militar, no período de 1964 a 1985. Em 1963 foi fundado no Ceará o Centro Popular de Cultura-CPC – da UNE, tendo como um dos organizadores, Augusto Pontes, que se revelaria um dos mais polêmicos intelectuais cearenses no final do século XX. O CPC fazia uma cultura politicamente engajada – apresentava peças, fazia shows enquetes, etc, tudo misturado com discussões sobre problemas da população,  como o custo de vida, o ensino público, a carência de transportes. Com o golpe de 64, o CPC  foi desmobilizado, vários de seus dirigentes foram presos ou processados. Mas a experiência daria margem para o surgimento de outros grupos culturais nos anos seguintes, como o CACTUS – grupo criado em 1965 por Cláudio Pereira, Iracema Melo, Olga Paiva, Petrúcio Maia, e Rodger Rogério, que apresentava shows de protesto – e o GRUTA – Grupo Universitário de Teatro e Arte.
A atuação do Gruta no movimento cultural foi expressiva. No período correspondente aos anos 66 a 68, ele se direcionou basicamente na organização das chamadas “Caravanas da Cultura” e na realização dos festivais de música. Tais caravanas se dirigiam ao interior cearense – Sobral, Crato, Juazeiro, Barbalha, a estados e cidades vizinhos Teresina, Natal, Mossoró e até ao exterior – Argentina e Chile. A crítica transmitida pelo Gruta  fez com que algumas de suas peças fossem censuradas pela Ditadura e uma apresentação em Barbalha, proibida.

 capa do disco
 
Os ritmos nacionais das décadas de 50 e 60 (Bossa Nova, Jovem Guarda e Tropicália) influenciaram os cantores e compositores cearenses, os quais apresentavam como principais espaços para divulgar seus trabalhos os festivais de músicas e os programas de auditório em rádio e televisão. Em 1969 o estudante de medicina de Sobral Carlos Belchior, poeta-músico dos mais expressivos daquela geração, produzia um programa musical na TV Ceará canal 2 especialmente para a revelação de novos talentos.
Em 1971 surgiram os festivais nordestinos da extinta TV Tupi e o Festival Astra de Música Carnavalesca, que projetaram nomes locais como Rodger Rogério, Ednardo, Ricardo Bezerra, Petrúcio Maia, Belchior, Fagner, Lauro Benevides, Jorge Melo, Cirino, Luiz Fiúza, Ribamar, Pretextato Melo, Dedé, Branquinho, Sérgio Pinheiro e Manassés.


Manassés em desenho de Fausto Nilo (fonte: http://musicadoceara.blogspot.com.br)


No geral eram jovens de classe média com formação universitária – muitos abandonaram a universidade para seguir a carreira artística, numa época de grande preconceito contra artistas. 
Naquele início dos anos 70, ante a censura, o autoritarismo a repressão da ditadura, a arte assumia uma forma de comunicar as ideias e as ações reprimidas.   Os talentosos artistas, não obstante, viam-se obrigados a deixar o Estado para alçar voos mais altos, nacionais. O primeiro a sair foi Belchior, em 1971, ganhando um festival no Rio de janeiro com a música Na Hora do Almoço, fato que repercutiu na carreira do sobralense e abriu as portas para outros cearenses.


Ednardo, Téti e Rodger Rogério no lançamento  do disco Pessoal do Ceará

Por essa época, Raimundo Fagner, natural de Orós e estudante de arquitetura em Brasilia, teve canções premiadas em festivais; foi outro que ao lado de Rodger Rogério, Téti, Cirino, Jorge Melo tentou a sorte no Sul do País, ainda em 1971.
Ednardo, estudante de química e funcionário da Petrobrás, seguiu no ano seguinte. O maranguapense Manassés foi em 1973, passando depois a residir na Europa, alcançando grande sucesso. 
Com dificuldades, esforço e apoio de artistas do Centro-Sul, os cearenses conseguiram firmar-se nacionalmente com propostas  estético-musicais bem definidas – participavam de programas televisivos, faziam shows, gravavam discos. Surgiu então, em 1972, a ideia de de gravar um disco com todo o grupo de músicos cearenses, o clássico O Pessoal do Ceará, um verdadeiro marco musical, do qual Fagner e Belchior não participaram por terem contratos com outras gravadoras.




extraído do livro de Aírton de Farias
História do Ceará