terça-feira, 17 de maio de 2011

A presença da Igreja Católica no Ceará

A Igreja católica fez-se presente no Ceará desde as primeiras tentativas de conquistas da terra. Algo compreensível, afinal a colonização portuguesa era legitimada pelo Papa e estava ligada a necessidade de expansão da fé católica. É sintomático que uma das tentativas  de conquista do território cearense tenha sido encabeçada por dois jesuítas, Francisco Pinto e Luis Figueira, em 1607. 
Em 1611, outro colonizador – Martim Soares Moreno – trouxe consigo o padre Baltasar João Correia, erguendo ao lado do forte de São Sebastião, na atual Barra do Ceará, uma pequena ermida de taipa, dedicada a Nossa Senhora do Amparo. Sem muito êxito na sua missão, o religioso retirou-se por volta de 1615.
Eram poucos os clérigos - sobretudo nos momentos iniciais da colonização - que tinham interesse em vir para o Ceará, terra muito pobre, habitada por índios selvagens e homens rudes, muitos dos quais criminosos, todos vivendo maritalmente com as índias. Além disso, a remuneração era baixíssima. Sofrendo privações, mal pagos, e hostilizados pelos índios, colonos e militares, os padres passavam pouco tempo a frente da paróquia cearense.  
o mapa representa o contato dos silvicolas com a natureza primitiva, com árvores, rios, pássaros e o solo, antes da chegada dos europeus que mudaram a face desta terra. 
Uma das ordens religiosas que se fez presente no Ceará no período colonial foi a dos franciscanos, que passaram a entrar casualmente no Brasil a partir da segunda metade do século XVI, mostrando interesse pela catequese dos indígenas. 
Os frades franciscanos introduziram uma novidade em termos de trabalho missionário, as santas missões ou missões itinerantes, isto é, a ação religiosa realizada por padres que visitavam de tempos em tempos, as vilas e os povoados do interior para pregar, confessar, rezar missas, etc. Isso permitiu uma aproximação maior dos frades franciscanos com a população mais humilde, que passou a se identificar com eles.
A Ordem dos Jesuítas também fizeram presença no inicio da colonização. Catequizavam os índios para convertê-los ao cristinianismo.  
 Entre outras coisas, os franciscanos andavam a pé (e não conduzidos por escravos como normalmente faziam os demais religiosos), trabalhavam ao lado dos sertanejos nas construções comunitárias (como capelas, cemitérios), ainda que fossem acompanhados e servidos por cativos.  
Os franciscanos estabeleciam as santas missões em um local por cinco a doze dias. As viagens não eram previamente planejadas, os missionários iam para onde fossem convidados – pelo vigário da localidade, pelo capitão da vila, por um poderoso fazendeiro. 
Quem os convidasse deveria pagar a viagem, a alimentação (geralmente carne seca e farinha) e fornecer hospedagem para toda a comitiva. Tal forma de evangelização tornou-se um sucesso, fato comprovado pelo expressivo número de pessoas que, andando a pé ou a cavalo, cantando ladainhas e benditos, seguiam os padres nos deslocamentos de uma região para outra.
Nas santas missões os franciscanos ouviam confissões, faziam pregações, condenavam os amancebados, os hereges, os adúlteros, os protestantes, os judeus, as bebidas, e tudo que era contra as leis de Deus. 
Passavam uma ideia de conformismo ante as diferenças sociais. Os pobres deveriam aceitar sua situação como uma condição imposta por Deus e respeitar o alheio. Mas os homens de posse deveriam praticar a caridade para obter a salvação eterna. Havia uma grande insistência quanto a proximidade do fim do mundo e dos tempos – só aqueles que seguissem a Igreja católica se salvariam, pois os demais queimariam no fogo do inferno. 
Impunham ainda uma visão penitencial do mundo, da necessidade de sacrifícios e sofrimentos para purgar os pecados e alcançar a graça divina. Essa visão penitencial influenciou bastante o catolicismo dos sertões nordestino ao longo dos séculos. 
Curiosamente havia nas santas missões todo um clima de festa, desde a chegada dos missionários, recepcionados por grande número de cavaleiros em procissão, até a pomposa festa de encerramento, no último dia da missão. 
Os moradores de uma fazenda eram solitários, os vizinhos mais próximos viviam a quilômetros de distância, devido ao tamanho dos latifúndios. Por isso, a visita dos missionários possibilitava esses momentos de sociabilidade sertaneja, alegres encontros e atividades de lazer, fé e diversão. 

fonte: 
História do Ceará, de Airton Farias

2 comentários:

  1. Bom dia,
    Fátima , a influencia d o romanismo na cultura dos povos cearenses influenciou sobremaneira o jeito de encarar a vida alem-túmulo de grande parcela dos nossos conterrÂneos interioranos. Há poucas cidades do interior do CEa´ra em que o visitante ao adentrar nas cercanias pela estrada principal não se depare com uma estátua de alguns santo católico "canonizado 'ou imagem de algum personagem bíblico esulpido em gesso , pedra ou madeira .A tese da pobreza Franciscana vem da ideologia católica,de que,o pobre morador do sertao deve ser submetido aquela condição miserável para que seja provado por Deus, ser purificado pela condição precaria a que se submete.Ao passo que na epoca do jesusitas, corria solto a perseguição aos "hereges 'que discordavem da espurias doutrinas católicas!HOje os tempos são outros.A palavra d eDeus diz que se conhecermos a verdade, ELa nos libertará.


    Deus te abençoe;.

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