segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Parque Nacional de Ubajara

O atual Município de Ubajara era habitado primitivamente pelos índios tabajaras. A primeira incursão foi feita por volta de 1604, por Pero Coelho de Souza, que tentou conquistar as terras férteis da serra de Ibiapaba. Auxiliado pelos jesuítas Francisco Pinto e Luís Figueira, promoveu ele a pacificação dos índios e o desenvolvimento das aldeias que começavam a proliferar às margens do arroio Árabe.
A obra dos jesuítas foi interrompida com o trucidamento do padre Francisco Pinto, pelos índios tocarijus, durante uma cerimônia religiosa, no dia 11 de janeiro de 1608, no local onde hoje se ergue a cidade de Ubajara.


Em 1877, acossadas pela seca e pela falta de viveres, várias famílias emigraram das zonas atingidas, instalando-se nos sítios Buriti, Pitanga e Pavuna.  Quando a grande seca as atingiu, deslocaram-se para o lado sul de uma lagoa, denominada Lagoa de Jacaré, ali organizando um arruado que se chamou Jacaré, primitivo nome do Município. O núcleo foi se desenvolvendo, até que, em 1884, um incêndio o destruiu, obrigando os moradores a passarem para as terras do lado oposto da lagoa. Em poucos meses reconstruíram o povoado. A principal atração de Ubajara, é o parque nacional, criado em 1959.


Considerado o menor parque nacional administrado pelo IBAMA, com  uma área de 563 ha e um perímetro de 9.050m o Parque Nacional de Ubajara foi criado pelo Decreto n° 45.954, de 30.04.1959 e alterado pelo Decreto n° 72.144 de 26.04.1973. Está localizado a noroeste do estado do Ceará, na região da Serra Ibiapaba, no município de Ubajara. 





De acordo com dados oficiais, o clima na Ibiapaba pode ser dividido em dois tipos, úmido e relativamente frio, de janeiro a junho, e seco e quente, que se prolonga de julho a dezembro. As temperaturas estão entre 20 e 22 °C na Serra da Ibiapaba e em torno de 24 a 26 °C na depressão periférica. Nesse dia especificamente, a temperatura no parque esteve em torno de 17°.  



Consta que a Gruta de Ubajara é conhecida desde o início do século XVIII, quando os portugueses realizaram expedições na região em busca de minérios, especialmente prata, sem lograrem sucesso.  O nome Ubajara  teria surgido da lenda de um cacique que, vindo do litoral, teria habitado a gruta por muitos anos. Algumas pessoas acreditam que a origem da gruta de Ubajara deve-se às escavações em busca de prata, somado a quase duzentos anos de intempéries. A origem e essência do Parque sempre foram a gruta de Ubajara.  O Parque conta com 11 grutas, mas apenas uma é aberta a visitação pública, as demais são de acesso exclusivo a estudiosos e pesquisadores.


Na década de 1940 e até meados da década de 1950, a gruta de Ubajara era utilizada pelos moradores para a realização de eventos de cunho religiosos, como casamentos e batizados. Como não existia ainda o teleférico, o percurso era feito a pé, pelas trilhas.
Nessa época foram feitas alguns desenhos e rabiscos, foram construídos degraus para facilitar o acesso e uma espécie de patamar, de onde o celebrante dirigia as funções religiosas.


Na década de 1990, foram instalados cabos de energia elétrica para iluminação da gruta


Em épocas anteriores, quando a consciência ambiental não estava integrada às atividades turísticas, a gruta de Ubajara foi bastante danificada, com a retirada de material pelos visitantes.


A imagem de Nossa Senhora foi deixada pelo último padre a celebrar ritos religiosos na gruta, na década de 1950
  

Também foram construídos corrimões para facilitar a locomoção de visitantes


O Relevo da Ibiapaba é composto por rochas variadas, que criam paisagens morfológicas diferentes. A Serra da Ibiapaba constitui uma das mais notáveis feições topográficas do Nordeste brasileiro pela extensão e continuidade da escarpa, que acompanha de perto os limites estaduais.


A caatinga é a vegetação predominante, mas outras três vegetações são encontradas na região: a Floresta Atlântica, a Floresta Subcaducifólia Amazônica e o Cerrado. A caatinga é constituída basicamente de árvores a arbustos espinhentos, que perdem as folhas na estação seca, de plantas suculentas espinhosas e de plantas herbáceas que se desenvolvem depois das chuvas.

A fauna é pobre em diversidade, o que é típico da região. Somente um estudo faunístico foi realizado constituindo-se em uma coleção de morcegos na gruta. O mocó é um roedor que pode ser encontrado na área habitando as rochas e escarpas, sendo muito caçado pela população regional que o utiliza como fonte de alimento. Pode-se observar também na região outros animais como o macaco-prego, o mico-estrela, o tamanduá-mirim, a cotia e mais de 120 espécies de aves.

fontes:
Wikipédia
IBGE
Informações fornecidas por guias

fotos:
Ricardo Vianna
Rodrigo Paiva
Fátima Garcia

domingo, 22 de janeiro de 2012

Jeri... Jericoacoara

Jericoacoara está localizada em uma APA - Área de Proteção Ambiental - desde 1984. Em 2002 o IBAMA transformou toda a região num Parque Nacional, trazendo muitas restrições para novas construções e maior controle em sua preservação. O Parque Nacional de Jericoacoara tem uma área 6.850,00 hectares, e se estende aos municípios de Jijoca de Jericoacoara e Cruz.

As ruas de Jericoacoara ainda são de areia 
Os visitantes chegam a Jericoacoara em veículos 4x4  (bugres, jardineiras e camionetes) que partem de  Jijoca de Jericoacoara


A construção da pracinha, com seu piso de pedra e bancos de madeira trabalhada, quebrou em parte o visual harmônico da vila 

as praias de Jeri se estendem por quilômetros sem interferências visuais
Duna do Por do Sol
Todas as tardes, moradores e visitantes sobem a duna para apreciar o por do sol de Jeri, que devido a sua  localização particular no norte do Ceará, é um dos poucos lugares no Brasil onde é possível ver o sol cair diretamente no mar. A Duna do Pôr do Sol fica logo ao lado da aldeia central, e oferece uma vista panorâmica para Jeri, o Serrote e as dunas.

o espetáculo é garantido

A noite de Jeri 

Jericoacoara possui uma rede de pequenos e excelentes restaurantes, bares e cafés onde é possivel ouvir musica suave a luz de velas. Fogueiras são feitas na praia nas noites de lua. O Parque Nacional não tem iluminação pública, então, o céu de Jeri está repleto de estrelas. Ao anoitecer dezenas de barracas são montadas na praia, no final da rua principal, e onde são servidas uma grande variedade de cockteis preparados com frutas tropicais.
uma das inúmeras pousadas de Jeri

Jericoacoara é uma pacifica vila de pescadores situada entre dunas, na costa Oeste do Estado do Ceará, aproximadamente 3 graus abaixo da linha do Equador, com 320 dias de sol por ano. Eleita pelo jornal Washington Post como uma das 10 praias mais belas do mundo, Jeri, como é chamada pelos habitantes locais, está cercada por lagoas de agua doce, cristalinas e azuis, mar calmo e enormes dunas. 
Ha apenas 20 anos, Jeri era uma pequena aldeia de pescadores, sem qualquer contato com a civilização. A energia elétrica só chegou à vila em 1998, atualmente, trazendo alguns confortos antes desconhecido da população, como o ar condicionado e o chuveiro elétrico. Grande parte das casas da vila estão estruturadas e construídas de simples madeira, rodeado por flores e plantas tropicais, as ruas ainda são de areia. 


fotos de Jeri: Ricardo Vianna
janeiro/2012

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A Interventoria de Menezes Pimentel (1937-1945)

Com o golpe do Estado Novo, as Casas Legislativas foram fechadas. O Governo Federal escolhia os governadores do Estado, e estes, nomeavam os prefeitos. Fachada da antiga Câmara Municipal, onde hoje funciona o Museu do Ceará  
(foto do arquivo Nirez)

Menezes Pimentel, professor, diretor da Faculdade de Direito do Ceará, político extremamente conservador, foi eleito - em 1935 - pela maioria dos deputados da LEC – Liga Eleitoral Católica – na Assembleia Legislativa para governador constitucional do Estado, derrotando por 16 votos contra 14, o candidato do PSD – Partido Social Democrata – José Accioly, filho de Nogueira Accioly, numa eleição por via indireta. 
Seu governo foi marcado pelo autoritarismo, perseguição aos adversários políticos do PSD, destituição de prefeitos e funcionários públicos que não apoiassem o seu grupo político. Cerca de duas mil pessoas foram presas em Fortaleza neste período. 
A eclosão da Intentona Comunista em 1935, em Natal, Recife e Rio de Janeiro, foi usada como pretexto por Menezes Pimentel para perseguir adversários que foram considerados subversivos. 


Palácio da Luz, sede do Governo do Estado e residência do governador até 1963. Na mesma  década de 1960 o palácio perdeu parte de sua fachada e o jardim interno, visto na segunda foto (Arquivo Nirez) 


O golpe do Estado Novo (10/11/1937) implantou uma ditadura em nível nacional, e contribuiu para aumentar o poder dos governadores dos Estados. Menezes Pimentel foi mantido no cargo por Getúlio Vargas, agora na condição de Interventor Federal. Seu autoritarismo foi, portanto fortalecido, já que o país se encontrava sob regime ditatorial. 



 atual prédio da Polícia Civil na Praça do Voluntários, sede do DOPS durante o Estado Novo (foto Panorâmio) 

A Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) passou a ter poderes para perseguir tantos quantos não se enquadrassem na política instituída pelo interventor.  Em nome da fé, das tradições familiares, da Pátria, se instituiu a delação, a perseguição política, as prisões arbitrárias, a tortura. Muitos intelectuais foram detidos, presos e humilhados pelo crime de pensar, de desenvolver o senso critico, de ansiar uma visão social humanista.  Entre os muitos perseguidos pelo interventor no Ceará – merecem destaque, pelo legado intelectual que deixaram para o Brasil – estavam Rachel de Queiroz  e Jáder de Carvalho.


a escritora Rachel de Queiroz foi presa incomunicável no Quartel do Corpo de Bombeiros em Fortaleza, pela polícia de Menezes Pimentel e Getúlio Vargas. Seu romance Caminho das Pedras foi apreendido e queimado junto com seus dois livros anteriores, O Quinze e João Miguel

Com Menezes Pimentel a Igreja continuou firme, influenciando a sociedade civil, em nome da moral e dos bons costumes. O regime instaurado fechou as lojas maçônicas, os centros espíritas e os terreiros de candomblé na capital e no interior do Estado; as livrarias tiveram os estoques revisados para apreensão de livros e de revistas portadoras de ideias amorais ou subversivas. Instalou-se um serviço de controle de pensões e hotéis no sentido de controlar os hóspedes. Até os aparelhos de rádio deveriam ser registrados na polícia.

Interventor Francisco de Menezes Pimentel

Menezes Pimentel permaneceu no poder até 27 de outubro de 1945, quando Getúlio Vargas baixou um decreto, exonerando o Interventor, fiel aliado na implantação da ditadura do Estado Novo no Ceará. Os motivos da demissão nunca foram completamente esclarecidos, mas especulou-se na época que Pimentel não estava empenhado na campanha de manutenção de Getúlio Vargas no poder.


Sobre o Estado Novo


Getúlio Dorneles Vargas governou o Brasil entre os anos 1930 e 1950, como presidente e como ditador

Instituído por Getúlio Vargas na segunda metade da década de 1930, centraliza o sistema político brasileiro. O governo federal passa a escolher os governadores dos Estados, que por sua vez, nomeiam os prefeitos. 
O getulismo também fecha as casas legislativas - federal, estaduais e municipais. Foi um período em que o discurso do progresso e da civilidade, tentou minimizar os problemas sociais da cidade, que já apresentava problemas decorrentes do crescimento populacional.
Apesar de o Estado Novo terminar em 1945, a nomeação dos gestores municipais perdura até o final de 1947. A época foi marcada pela quebra de continuidade administrativa. Em apenas três anos, Fortaleza conheceu nada menos de seis prefeitos.
Em 1948, com a volta das eleições diretas para prefeito, Fortaleza assiste à surpreendente vitória do candidato Acrísio Moreira da Rocha (PR). A imprensa da época dava como certo que a disputa se restringiria aos candidatos dos dois principais grupos políticos nacionais da época: Diogo Vital de Siqueira, da UDN, e Stênio Gomes da Silva, do PSD. 

Fontes:
História do Ceará, de Nelson Campos
Revista Fortaleza, Fascículo 4, de 30 de abril de 2006.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Praia de Águas Belas - Cascavel - Ceará

Rua de Águas Belas
Pracinha
Margem direita do rio Mal Cozinhado
Entrada do ancoradouro
Os ecossistemas da área: rio e mar
dunas...
e morros.
travessia em balsas sobre o rio Mal Cozinhado
e o mar de Águas Belas



A praia de Águas Belas é cortada pelo Rio Mal Cozinhado que deságua no mar, formando uma bela paisagem.  Esse rio separa  Águas Belas da praia de Barra Velha.
Águas Belas conta com algumas barracas de praia, mas não é bem  mais calma do que a vizinha Praia da Caponga.  Distância de Fortaleza: cerca de 60 km.

fotos: Rodrigo Paiva

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Cascavel - Ceará

Entrada do Município

População: 66.142 habitantes (Censo demográfico de 2010)
Área da unidade territorial: 837,321 km²
Densidade demográfica: 78,99 habitantes/km²
Localização: litoral leste
Bioma: Caatinga
Distância de Fortaleza:  62 km
Limites:
Norte: Pindoretama, Aquiraz e o Oceano Atlântico,
Leste: Beberibe,
Sul: Beberibe e Ocara,
Oeste: Horizonte, Pacajus e Chorozinho 

Rua de Cascavel  

Existem várias versões para a origem do topônimo do Município de Cascavel, todas ligadas à  cascavel, nome genérico dado às cobras venenosas dos gêneros Crotalus e Sistrurus.
A cidade foi construída em cima do ninho de uma cascavel gigante. No local onde se diz haver este tal ninho, foi construída uma torre,  e no topo, colocada uma imagem de Nossa Senhora do Ó para que a santa impedisse a saída da cobra. 

Praça de Nossa Senhora do Ó

Devido a lenda, as autoridades mudaram o nome da cidade para São Bento, mas os habitantes não se acostumaram e continuaram a chamar de Cascavel, confiantes na força da santa que impedia que a cobra devastasse a cidade. Ninguém ousa retirar a imagem de cima da torre, com medo que a Cobra fuja e destrua tudo.
A outra lenda, a mais aceita, que diz que os mercadores que faziam a viagem a pé ou a cavalo para a capital e passavam por essas paragens e descansavam sob os pés de tamarineira (que na cidade era abundante), e em uma dessas  paragens encontram a árvore infestada de cobras cascavéis e a partir deste dia, começaram a se referir aquele lugar como "a passagem da Cascavel".

Casa no Centro Histórico
Casas no Centro Histórico
Prédio da antiga cadeia (em péssimo estado de conservação)

Quanto à origem do município, sabe-se que as terras às margens dos rios Choró e Piranji, e a zona costeira da embocadura do rio Choró, eram habitadas por diversas etnias indígenas, entre elas os Potiguaras, os Jenipapo-Kanyndés, os Anacés, os Jaguaribaras e outras. Com a ocupação definitiva do território do Ceará, depois do Tratado de Taborda, as terras do atual município de Cascavel receberam a visita de missionários católicos da Missão Apostolada que tinham planos de construir uma missão indígena que aglomerassem as diversas tribos indígenas, que acabaram sendo doadas a diversas famílias na forma de sesmarias.  
A missão religiosa nunca aconteceu, mas um templo foi construído: a capela do reduto, dedicada a Nossa Senhora do Ó.
Com o ciclo da carne-seca e charque, Cascavel se destaca como um entreposto comercial e de hospedagem entre Fortaleza, Aquiraz e Aracati, e devido a produção da cana-de-açúcar no sólo fértil do município.
Mais tarde, um segundo templo foi construído, dedicado a Nossa Senhora da Conceição, hoje, a igreja matriz.
Matriz de Nossa Senhora da Conceição
Interior da Matriz
Placa comemorativa

Ao redor da capela de Nossa Senhora do Ó, as fazendas de cana-de-açúcar e do comércio (Feira de São Bento) desenvolveu-se o atual centro urbano comercial e urbano de Cascavel.
O Distrito foi criado com a denominação de Cascavel, pelo decreto de 04-09-1832 e por ato provincial de 18-03-1832. 
Foi elevado à categoria de vila com a denominação de Cascavel, pela Resolução do Conselho do Governo de 05-05-1833, desmembrado dos municípios de Aquiraz e Aracati. Sede na atual vila de Cascavel. Constituído do distrito sede. Instalado em 17-10-1833.
Elevado à condição de cidade com a denominação de Cascavel, pelo ato provincial nº 2039, de 02-11-1833.

Igreja de São Francisco
Patronato Juvenal de Carvalho 
Santa Casa de Cascavel
Mercado Público

Em divisão territorial datada de 17-I-1991, o município é constituído de 6 distritos: Cascavel, Caponga, Cristais, Guanacés, Jacarecoara e Pitombeiras.

Alguns usos e costumes que as pequenas cidades ainda mantêm 

carro de boi
pau-de-arara

Praias de Cascavel
Águas Belas
Barra Nova
Barra Velha
Balbino
Caponga

Fotos: Rodrigo Paiva
Fontes:
IBGE
Wikipedia