segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A Inquisição no Ceará

A Santa Inquisição, também conhecida como Santo Ofício foi um tribunal eclesiástico criado pela Igreja Católica Apostólica Romana, com a finalidade "oficial" de investigar e punir os crimes contra a fé católica. 
Na prática, os pagãos representavam uma constante ameaça à autoridade clerical e a Inquisição era um recurso para impor à força a supremacia católica, exterminando todos que não aceitavam o cristianismo nos padrões impostos pela Igreja.
Tribunal da Santa Inquisição: intolerância e crueldade
A Santa Inquisição teve seu início no ano de 1184, em Verona, com o Papa Lúcio III.  
Os inquisidores, cidadãos encarregados de investigar e denunciar os hereges, eram doutores em Teologia, Direito Canônico e Civil. 
Inquisidores e informantes eram muito bem pagos. Todos os que testemunhassem contra uma pessoa supostamente herege, recebiam uma parte de suas propriedades e riquezas, caso a vítima fosse condenada. 
Os inquisidores deveriam ter no mínimo 40 anos de idade. Sua autoridade era outorgada pelo Papa através de uma bula, que também podia incumbir o poder de nomear os inquisidores a um Cardeal representante, bem como a padres e frades franciscanos e dominicanos. 
As autoridades civis, sob a ameaça de excomunhão em caso de recusa, eram ordenadas a queimar os hereges.
Somente no XVIII chega ao fim as perseguições aos hereges, sendo que a lei da Inquisição permaneceu em vigor até meados do século XX, ainda que teoricamente. 
Na Escócia, a lei foi abolida em 1736, na França em 1772, e na Espanha em 1834. 
O pesquisador Justine Glass afirma que cerca de nove milhões de pessoas foram acusadas e mortas, durante o período que durou a perseguição.

No Ceará

Embora não tenha se instalado oficialmente no Ceará, era comum que chegassem à Colônia os chamados visitadores. 
Estes inspecionavam e tomavam confissões da população, ficando atentos a comportamentos considerados suspeitos e as denúncias de crimes contra a igreja (blasfêmia, bigamia, omissão de prática religiosa, fornicação, feitiçaria, bruxaria, etc.).
Os acusados no Brasil eram inicialmente investigados, e dependendo da consistência da acusação, das testemunhas e da gravidade do delito, poderiam ser processados e enviados a Lisboa, para julgamentos parciais, com critérios duvidosos, pelo tribunal inquisitorial. 
O Santo Oficio contava também na colônia com a vigilância e delações de sacerdotes e leigos nomeados (chamados de familiares). 
os visitadores vinham regularmente ao Ceará, para fiscalizar as igrejas e os fiéis  - Foto: antiga Sé - Igreja São José ( Arquivo Nirez)
Estudos desenvolvidos no Ceará indicam que a atuação da Inquisição por aqui foi bastante intensa. Pela cronologia do Barão de Studart, não se passavam dois anos sem que um visitador percorresse as terras cearenses devassando os pecados, penitenciando os pecados mais leves, e enviando a Portugal sumários dos crimes mais graves. 
Dentre os casos noticiados, consta a condenação por crime de bigamia de Antonio Correia de Araújo, de 52 anos, morador da Vila de Icó e Antonio Mendes da Cunha, 40 anos, pedreiro, residente em Quixeramobim. 
Outro caso sem maiores conseqüências, envolveu um governador cearense do final do Século XVIII, acusado pela esposa de haver cometido crime de opinião – afirmação que contrariava os dogmas católicos – ao dizer que não havia inferno e que a alma era mortal.
Além dos crimes de opinião e bigamia, os visitadores receberam denúncias de sodomia, como a envolvendo o negro Luiz Frazão, escravo morador de ribeira do Acaraú.
Em 1782, Miguel Alves de Faria Pita foi preso em Russas e mandado para Portugal. Seu crime: testemunhara falsamente que um amigo era solteiro, quando o tal já era casado. O sentimento de remorso e o desejo de “fazer as pazes com Deus” levou o próprio Miguel a confessar a verdade ao pároco local. Passou dois anos nos insalubres cárceres da Inquisição em Lisboa, e morreu no retorno ao Brasil, debilitado e acometido de bexiga.
Os documentos coloniais trazem denúncias envolvendo também religiosos, como os padres Antonio José de Miranda Henrique, de Aracati e Bernardo Luis da Cunha, do Cariri, acusados de crime de solicitação (aproveitamento do segredo da confissão para obter favores sexuais dos fiéis). 
Não sofreram nenhuma punição. 
A Igreja do Rosário, a mais antiga de Fortaleza, também era alvo dos visitadores (foto: arquivo do Blog)
Em Descrição da Cidade de Fortaleza (1992), Bezerra de Menezes relata a presença de alguns padres que teriam visitado a capitania do Ceará, em missão do Santo Oficio da Inquisição: “Verifica-se isso do auto da visita do Revm° D. Frei Manuel de Jesus Maria, visitador geral dos sertões do norte, que em 09 de agosto de 1752, diz: por achar que o Revm° pároco de um dos capítulos de sua visita feita à igreja matriz do Forte dá inteiro cumprimento às obrigações de seu pastoral oficio, fazendo que os vícios se desterrem e castiguem, e as virtudes se plantem e se cultivem...” (pág.108)
"No auto da visita do Revm° Dr. Veríssimo Rodrigues Rangel a igreja matriz em 16 de janeiro de 1761, ele começa dizendo que visitou a matriz de São José... "(pag.109).
“... nem também com a do Rosário, pois no auto da visita do Revm° Lino Gomes Corrêa, à matriz do forte, em 28 de abril de 1742...” (pág.109)
Enquanto durou a vigência do Santo Oficio, havia um clima de desconfiança e de delações contínuas na Capitania, trazendo medo e angústia para a população, afinal, todos sabiam dos rigores e das punições impostas pelos tribunais da Inquisição.


Pesquisa:
História do Ceará, de Airton de Farias
Descrição da Cidade de Fortaleza, de Antonio Bezerra de Menezes
Santa Inquisição. Disponível em <http://www.spectrumgothic.com.br/ocultismo/inquisicao.htm>

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Serra de Guaramiranga



O nome vem do Tupi guará (vermelho) e miranga ou piranga (garça), cujo significado é Pássaro Vermelho. Originalmente era denominado Conceição.
O Distrito foi criado por ato provincial de 10 de outubro de 1868. Por decreto de 1° de setembro de 1890, foi elevado à categoria de Vila, desmembrado de Baturité  e passou a ser Guaramiranga. Em 1899, a vila foi extinta, e o território voltou a ser anexado ao município de Baturité, como simples distrito. 

Em divisão administrativa de 1911, o distrito de Guaramiranga figura no município de Baturité. Foi elevado á categoria de cidade pela lei 1887, no ano de 1921. Atualmente o Município é constituído de dois distritos: Guaramiranga e Pernambuquinho.
As terras do município eram habitadas por várias etnias. Com a criação da Missão da Palma, durante o século XVIII, que tinha como objetivo a evangelização dos indígenas, a expansão da pecuária e as plantações de café no século XIX, consolidaram o centro urbano.
Fica localizado na região serrana do Estado, no maciço de Baturité, norte cearense.
A população é de 4165 habitantes (IBGE 2010). A sede do município fica a 865 metros de altitude.

O Maciço de Baturité

Há menos de 100 km de Fortaleza, o maciço de Baturité estende-se por treze municípios: Acarape, Aracoiaba, Aratuba, Barreira, Baturité, Capistrano, Guaramiranga, Itapiúna, Mulungu, Ocara, Pacoti, Palmácia e Redenção. 
O maciço concentra a última reserva de mata atlântica do Ceará. Uma vegetação exuberante, onde samambaias, orquídeas e flores silvestres convivem com uma fauna nativa que inclui as mais diversas espécies de pássaros. 
Como se não bastasse, todo esse santuário ecológico é regado por córregos de águas cristalinas que, de passagem pelas encostas, formam um sem número de cachoeiras.
As temperaturas médias, no vale, variam entre 9 a 23 graus. Um clima temperado em pleno Ceará. A busca de uma atividade turística uma área de proteção ambiental consiste em harmonizar ações do homem com a natureza, oferecendo ao usuário com contato íntimo com os recursos naturais e culturais existentes. 
O maciço de Baturité é um local apropriado para fazer ecoturismo. Em suas terras, a vegetação distribui-se sobre um relevo bastante acidentado com altitudes máximas de 1.114 metros. 
Essas diferenças associadas às mudanças de temperatura e umidade condicionam uma variedade bastante diversificada da fauna e flora. 

fonte: IBGE

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Os Biomas Brasileiros

Mapa dos Biomas Brasileiros (IBGE/MMA)
O termo Bioma designa um conjunto de ecossistemas que funcionam de forma estável. É caracterizado por um tipo principal de vegetação predominante na região. Num mesmo bioma podem existir diversos tipos de vegetação. Os seres vivos de um bioma vivem de forma adaptada as condições naturais existentes, como clima, regime pluviométrico, umidade, tipo de solo, temperaturas, etc.
Os biomas brasileiros caracterizam-se, no geral, por uma grande diversidade de animais e vegetais (biodiversidade).
De acordo com o IBGE que em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, lançou o Mapa de Biomas do Brasil, são em número de seis os biomas brasileiros:
                                 fonte: IBGE 
O Bioma Caatinga
A caatinga é um bioma que se concentra na região nordeste do Brasil.
Ocupando cerca de  9,92% do território nacional, se estende pela 
totalidade do estado do Ceará (100%), 
 mais da metade da Bahia (54%),
grande parte da Paraíba (92%),
grande parte de Pernambuco (83%),
boa parte do do Piauí (63%)
 quase todo o Rio Grande do Norte (95%),
 quase metade de Alagoas (48%)
quase metade de Sergipe (49%),
além de pequenas porções de Minas Gerais (2%) e do Maranhão (1%).
É o único bioma exclusivamente brasileiro. Isto significa que grande parte do patrimônio biológico dessa região não é encontrada em nenhum outro lugar do mundo além de no Nordeste do Brasil.
Clima
Nas regiões de caatinga, o clima é quente, chamado de semi-árido. São características desse tipo de clima a baixa umidade, com prolongadas estações secas, podendo chegar a oito ou nove meses de estiagem por ano e quantidade reduzida de chuvas.
Esse clima irregular influencia na vida de todos os seres vivos. Quando ocorre  uma estiagem prolongada muitos  rios e lagoas secam em determinadas épocas, aumentando a aridez do ambiente.    
Vegetação
A diversidade de espécies vegetais é pequena, quando comparada a outros biomas brasileiros como a Mata Atlântica e a Amazônia.
Entretanto, estudos recentes revelam um alto número de espécies endêmicas, isto é, espécies que só ocorrem naquela região. A vegetação se caracteriza por arbustos tortuosos, com aspecto seco e esbranquiçado por quase todo ano.
A vegetação é composta por plantas xerófitas, espécies que acabaram desenvolvendo mecanismos para sobreviverem em um ambiente com poucas chuvas e baixa umidade.
No bioma caatinga são comuns árvores baixas e arbustos.
Espinhos estão presentes em muitas espécies vegetais. Nos cactos, por exemplo, eles são folhas que se modificaram ao longo da evolução, fazendo com que a perda de água pela transpiração seja menor. 
xique xique vegetação indicativa de solo raso, drenagem deficiente e baixa pluviosidade (imagem: http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/)
Os cactos são muito representativos da vegetação da caatinga. Mas não são os únicos representantes. Mesmo com o curto período de chuvas, existe uma variedade de espécies vegetais.  Entre elas estão o mandacaru, a coroa-de-frade, o xique-xique, o juazeiro, o umbuzeiro e a aroeira.
Fauna
A maioria dos animais da caatinga tem hábitos noturnos, o que evita que se movimentem em horas mais quentes. Os lagartos são muito comuns na região: 47 espécies já foram catalogadas. Ainda entre os répteis também se destacam as serpentes. Até agora foram encontradas 45 espécies de serpentes. A cascavel é uma das cobras mais vistas na caatinga. Os anfíbios são também numerosos na caatinga. 
ararinha azul, espécie em risco de extinção
Algumas aves são moradoras típicas da caatinga,  caso do carcará, da asa-branca e da gralha-canção. Neste bioma, vive a ararinha azul, espécie seriamente ameaçada de extinção. 
Também existem muitos mamíferos na caatinga. Entre as árvores secas e em terrenos pedregosos, vivem onças, gatos selvagens, capivaras, gambás, preás, macacos-prego, e o veado catingueiro, também ameaçado de extinção como a ararinha azul.
Solo
de modo  geral, o solo é raso, rico em minerais, mas pobre em matéria orgânica, já que a decomposição desta matéria é prejudicada pelo calor e a luminosidade, intensos durante todo ano na caatinga.
Fragmentos de rochas são frequentes na superfície, o que dá ao solo um aspecto pedregoso. Este solo com muitas pedras dificilmente armazena a água que cai no período das chuvas. A presença de minerais no solo da caatinga é garantia de fertilidade em um ambiente que sofre com a falta de chuvas. 
Por isso, nos poucos meses em que a chuva cai, algumas regiões secas rapidamente se transformam, dando espaço a árvores verdes e gramíneas
A Escassez de Água
Os rios que fazem parte da caatinga brasileira são, em maioria, intermitentes ou temporários. No caso deste bioma, onde há escassez de chuva durante maior parte do ano, os rios que nascem na região ficam secos por longos períodos. Para enfrentar a falta de água nas estações secas, os moradores da caatinga constroem poços, cacimbas e açudes. 
O Rio Jaguaribe já foi o maior rio seco do mundo. Hoje está perenizado pelas águas do Açude Orós, e mais recentemente, também pelo Açude Castanhão
Os ecossistemas do bioma Caatinga encontram-se bastante alterados, com a substituição de espécies vegetais nativas por cultivos e pastagens. O desmatamento e as queimadas são ainda práticas comuns no preparo da terra para a agropecuária que, além de destruir a cobertura vegetal, prejudica a manutenção de populações da fauna silvestre, a qualidade da água, e o equilíbrio do clima e do solo. Aproximadamente 80% dos ecossistemas originais já foram antropizados.
As queimadas para produção de lenha e carvão e para agropecuária, ainda são muito utilizadas na região da caatinga. Estas prejudicam o solo, modificam o clima e aumentam o risco de incêndio em toda vegetação
Cerca de 20 milhões de brasileiros vivem na região coberta pela Caatinga, em quase 800 mil km2 de área. Quando não chove, o homem do sertão e sua família precisam caminhar quilômetros em busca da água dos açudes. A irregularidade climática é um dos fatores que mais interferem na vida do sertanejo.
 sites consultados
http://www.ibge.gov.br/

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O Encontro de Padre Cícero com Lampião

Um dos fatos mais pitorescos da passagem da Coluna Prestes pelo Ceará deu-se com o inusitado convite feito por Floro Bartolomeu ao cangaceiro Lampião – para combater os rebeldes e defender a legalidade. 
Ainda sediado em Campos Sales, com seus batalhões de jagunços, Floro teria enviado um mensageiro portando uma carta para o “rei do cangaço” – carta referendada e assinada também por Padre Cícero – pedindo a presença do cangaceiro em Juazeiro.  

Padre Cícero e Floro Bartolomeu - a união entre religião e política no sertão do Ceará

Lampião que, por ser devoto de Padre Cícero, evitava atacar o Ceará, ao receber o convite do padre apressou-se a atendê-lo, chegando a Juazeiro com cerca de 50 homens, no inicio de março de 1926, quando a Coluna já havia deixado o Estado.
Naquela cidade, num único e marcante encontro, Lampião, após ser aconselhado por Padre Cícero a deixar aquela vida de bandidagem, comprometeu-se a combater a Coluna Prestes, recebendo armas, fardamentos e uma patente de capitão do Exército.

Capitão Virgulino Ferreira

A presença de Lampião em Juazeiro provocou alvoroço. Uma multidão se formou para ver o famoso cangaceiro e seu bando. Lampião concedeu entrevistas, bateu fotos, ofertou esmolas à igreja local, recebeu visitas e foi agraciado com presentes, sem ser incomodado pela polícia. 
O bando deixou Juazeiro satisfeito, sobretudo porque o documento que dava ao chefe a “patente” de capitão – o que correspondia ao perdão de seus crimes e a não ocorrência de mais perseguições por parte da polícia – havia sido assinado a pedido de Padre Cícero pela única autoridade federal em Juazeiro, um agrônomo do Ministério da Agricultura, Pedro Albuquerque Uchoa.

Conta-se que chamado mais tarde a Recife, para explicar tamanho absurdo, o agrônomo teria dito aos seus superiores que, naquelas circunstâncias, e com o medo que tinha de Lampião, ele teria assinado até a demissão do presidente Arthur Bernardes.

Lampião, contudo, não foi combater a Coluna Prestes. O cangaceiro, agora definitivamente nomeado Capitão Virgulino Ferreira, talvez tenha temido a fama de guerreiros dos tenentes, talvez tenha ficado irritado ao descobrir que a “patente” não tinha valor legal, portanto não valia nada. 
Virgulino ainda tentou falar com Padre Cícero, mas este se recusou a recebê-lo novamente. 
O patriarca de Juazeiro foi duramente criticado pela imprensa de Fortaleza, a qual usou o episódio como prova da proteção que o padre fazia a criminosos.
Apesar do acontecido, Lampião nunca perdeu o respeito nem a admiração que tinha por Padre Cícero. 

Padre Cícero Romão Batista

Em junho de 1927, Lampião voltou ao Ceará, após uma fracassada tentativa de saquear Mossoró, no Rio Grande do Norte. O bando ocupou Limoeiro do Norte, exigindo uma quantia em dinheiro como “resgate”. 
Dias após deixar Limoeiro, Lampião sofreu uma emboscada feita por 500 policiais, perdendo grande parte das provisões, munições e montarias. 
Com poucas armas, a pé na caatinga, os cangaceiros travaram em seguida outro tiroteio com a polícia, desta vez na Serra da Macambira, em Pernambuco. apesar da escassez de armamentos, os bandidos derrotaram centenas de policiais, fazendo aumentar nos sertões a lenda do “rei do cangaço”. 
Ajudados por coiteiros, os cangaceiros escaparam para os sertões de Pernambuco.    

A Outra Versão para o Encontro

Os fiéis juazeirenses até hoje reagem com indignação a esse relato do encontro entre Padre Cícero e Lampião. Segundo uma versão que veio a público em data recente, 
Lampião teria “ouvido falar” que Padre Cícero precisava de ajuda para combater os “revoltosos”, e compareceu espontaneamente a Juazeiro. 
O padre, pego de surpresa com a presença dos cangaceiros, e sem outras opções, viu-se obrigado a hospedar Lampião, por temê-lo e para evitar um confronto do bando com a população. 
Padre Cícero encontrou-se então, duas vezes com o rei do cangaço e não lhe teria dado nem as armas nem a “patente”, porque como prefeito, não tinha poderes para tanto. 

O secretário de padre Cícero Benjamim Abraão em fotos dos anos 1930 ao lado do bando de Lampião. O libanês registrou as únicas imagens fotográficas do cangaço.

Segundo ainda essa versão, foi o secretário de Padre Cícero, o libanês Benjamin Abraão, que teria sugerido, em tom de brincadeira, que a “patente” poderia ser dada pelo agrônomo. Vendo o interesse do cangaceiro, Abraão viu-se obrigado a convencer Pedro Uchoa a redigir o documento.  

Benjamim Abraão ao lado de Maria Bonita e Lampião 


Também teria sido sua a idéia de confeccionar e dar fardamentos dos ”batalhões patrióticos” aos cangaceiros. 
Essa versão exime totalmente tanto o Padre Cícero quanto Floro Bartolomeu de qualquer responsabilidade na contratação dos serviços do bando de Lampião. 

fonte:
História do Ceará de Airton Farias