A lenda do lobisomem tem origem provavelmente na Europa do
século XVI, embora traços do personagem apareçam em alguns mitos da Grécia Antiga. Do
continente europeu, espalhou-se por várias regiões do mundo. Chegou ao Brasil
através dos portugueses que colonizaram nosso país, a partir do século XVI.
Este ser sobrenatural possui um corpo misturando traços de ser humano e lobo.
De acordo com a história, um homem foi mordido por um
lobo em noite de lua cheia. A partir deste momento, passou a transformar-se em
lobisomem em todas as noites em que a Lua se apresenta nesta fase. Caso o
lobisomem morda outra pessoa, a vítima passará pelo mesmo feitiço.
Estrada Barbalha Crato - 1962 (foto IBGE)
No Ceará, aqui e ali aparecem histórias dando conta do
aparecimento de estranhos personagens, geralmente associados ao lendário
lobisomem, que assustam as populações de pequenas localidades. Em 2008, na zona
rural de Tauá, um “lobisomem” furtava
ovelhas e arrombava residências na região.
Era descrito por testemunhas como um individuo meio homem e meio lobo,
que emitia ruídos estranhos e arrastava correntes. O delegado da cidade chegou
a registrar dois Boletins de Ocorrência, feitos por moradores que viram a aparição.
Uma das histórias de lobisomem mais conhecidas é a de Vicente
“Finim”, morador do Cariri que, segundo a lenda, virava lobisomem nas noites de quinta para
sexta-feira. Segundo a história, quando uma mulher tem sete filhas e o oitavo
filho é homem, esse menino será um lobisomem. Também o será, o filho de mulher
amancebada com um padre. Sempre pálido, magro e orelhas compridas, o menino
nasce normal. Porém, logo que ele completa 13 anos, a maldição começa. Na
primeira noite de terça ou sexta-feira, depois do aniversário, ele sai à noite
e vai até um encruzilhada. Ali, no silêncio da noite, se transforma no “tal
bicho” pela primeira vez, e uiva para a lua.
Prédio da Prefeitura de Barbalha anos 50 (foto IBGE)
No caso de Vicente Finim, cujo nome verdadeiro é Vicente Araújo, a maldição de virar lobisomem lhe foi imposta porque ele teria de provocado o assassinato de sua mãe. A lenda conta que Vicente, ao levar o almoço do seu pai que trabalhava na roça, comeu a carne no caminho e disse que teria sido um homem que estava com sua mãe. O velho voltou para casa enciumado e matou a esposa à facadas. Ao morrer, a mãe de Vicente Finim teria deixado à maldição, dizendo que a pessoa que levantou aquele falso, ia ser transformado em lobisomem.
Daí em diante, toda terça ou sexta-feira, ele corria pelas
ruas ou estradas desertas com uma matilha de cachorros latindo atrás. Nessa
noite, ele visitava, sete partes da região, sete pátios de igreja, sete vilas e
sete encruzilhadas. Por onde passava, açoita os cachorros e apagava as luzes
das ruas e das casas, enquanto uivava de forma horripilante. Antes de o Sol
nascer, quando o galo canta, o lobisomem volta ao mesmo lugar de onde partiu e
se transforma outra vez em homem. Para quebrar o encanto, era preciso chegar
bem perto, sem que ele perceba, e bater forte em sua cabeça. Se uma gota de
sangue atingir a pessoa, ela também vira o bicho.
Praça Filgueiras Sampaio, em Barbalha, década de 50 (foto IBGE)
A história de Vicente Finim correu o mundo, fazendo medo a
crianças e adultos. Entrou para o folclore regional, foi contada em versos
pelos cordelistas. Ele morreu em 1985, no Sítio Cabeceiras, Município de
Barbalha, negando as acusações. Mas nas entrelinhas deixava uma dúvida.
Confessava que gostaria muito de namorar e trocava o dia pela noite à procura
de um amor proibido.
Fonte
Diário do Nordeste 20.08.2006
Essa história de Vicente finim, perpassa toda minha infância, causando medo e admiração. Não Sei sei se é verdade ou mentira, mas essa história causa-me perplexidade de tanta gente conhecer essa história história!!!
ResponderExcluir