Em Redenção, três frondosas tamarineiras testemunharam que
ali a Vila, então Acarape, antecipou-se ao Brasil na Abolição da Escravatura,
exatamente por seis anos. Sob a copa das velhas árvores, onde castigos eram
infligidos aos negros, a libertação dos escravos foi comemorada pela primeira
vez em terras cearenses e não faltaram discursos, passeatas e festejos. A
partir de então, a Vila, depois município, passou a se chamar redenção e ganhou
o cognome de “Rosal da Liberdade”.
casa grande da Fazenda Gurguri
Além das árvores centenárias, uma sala no hoje Grupo escolar
Pe. Saraiva Leão, situado na mesma praça, guarda a memória de inesquecíveis
acontecimentos. Nela eram realizadas as ruidosas reuniões da Sociedade
Libertadora Acarapense, nas quais eram urdidos os planos contra os
escravocratas.
Histórias verdadeiras ou lendárias correm na cidade, sobre a
época em que os negros eram considerados bichos e os brancos seus senhores de
vida e morte. Uma delas passou-se na Fazenda Gurguri, situada não muito
distante da sede do município. A fazenda ainda existe com algumas modificações, posto que agora é também uma pousada.
Casa-Grande típica, paredes de meio metro de largura, capela,
tronco para amarrar escravos, engenho de cana, casa de farinha, no amplo
alpendre um sino de bronze para a chamada ao trabalho e um enorme muro de
pedras construído pelos escravos lembram que ali o número deles era grande.
Morro Cabeça de Negro
Conta-se que seu antigo proprietário José Bento, após surrar
a mulher de um dos seus escravos, Nego Chico, foi assassinado por ele. Depois de
matar o amo, Nego Chico refugiou-se num serrote, atrás da fazenda. Perseguido e
na iminência de ser capturado,
decidiu-se pelo suicídio, saltando do alto de um penhasco. Em alusão ao fato, o
serrote passou a denominar-se Cabeça de Negro e seu vulto enorme, cercando a
fazenda, parece querer lembrar o drama do escravo fugido.
Do livro: o Ceará dos anos 90 – Censo Cultural
fotos de Rodrigo Paiva - mar/2014
fotos de Rodrigo Paiva - mar/2014
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