Estátua do General Sampaio na Praça Castro Carreira (Praça da Estação) inaugurada no dia 24 de maio de 1900. Foi a segunda estátua de Fortaleza (foto Nirez)
Em seu uniforme de general, bordado a ouro, à frente das
tropas que decidiam em Tuiuti a mais importante batalha da guerra do Paraguai,
o cearense Antônio de Sampaio, passou para a história. Infelizmente não pode
usufruir depois as glórias proporcionadas aos grandes combatentes no conflito
onde milhares de brasileiros perderam a vida.
Ao lado dos soldados, quando
instigava com coragem o avanço das tropas para a vitória, foi ferido
mortalmente. A fuzilaria paraguaia, superior três vezes ao contingente
nacional, dizimava os mais ousados. Depois de perder seguidamente os quatro
cavalos que montava, Antônio de Sampaio passou a combater de pé, sendo alvejado
pelo inimigo. A terceira divisão ficou então sem a principal liderança,
colocando em perigo a tropa inteira.
Em 1996 a estátua do General Sampaio foi transferida para a Avenida Alberto Nepomuceno, em frente ao quartel da 10ª Região Militar, onde se encontra atualmente.
Internado no Hospital de Corrientes, devido aos inúmeros
ferimentos que o haviam obrigado a abandonar o campo de luta, dia a dia mais se
agrava seu estado de saúde. Conduzido para Buenos Aires, faleceu no dia 6 de
julho de 1866 a bordo do navio de guerra Eponina.
O corpo de Sampaio foi
sepultado em Buenos Aires, sendo mais tarde transladados seus restos mortais
para o Rio de Janeiro, para finalmente, vir repousar em Fortaleza. Em homenagem
ao militar, uma rua de Fortaleza passou a ser chamada de General Sampaio, em 20
de janeiro de 1872. Os restos mortais de Sampaio foram exumados do cemitério
São João Batista, onde estavam desde 1873, sendo transferidos para o monumento
construído na Avenida Bezerra de Menezes em frente ao antigo CPOR.
A ideia de fazer de Sampaio o patrono da Infantaria da Escola Militar do Realengo coube à turma de cadetes de 1928, numa iniciativa inspirada em proposta do então primeiro-tenente Humberto de Alencar Castelo
Branco. A ideia foi concretizada pelos seus colegas de 1930, fazendo de Sampaio
não o Patrono da Infantaria de uma unidade, mas de toda a Arma, como o Patrono
da Infantaria Brasileira.
Antônio de Sampaio nasceu a 24 de maio de 1810, em Tamboril,
Ceará, filho do oficial de ferreiro Antônio Ferreira de Sampaio. Na miséria do
interior cearense, sem escolas, não foi além dos conhecimentos rudimentares do
primário. Participava, como a maioria dos seus companheiros de infância, das
atividades relacionadas com o meio rural, ajudando o pai na sobrevivência da
família.
Aos 19 anos tomou-se de paixão por uma jovem sertaneja e foi
correspondido. Os preconceitos sociais vigentes e a disparidade de fortuna
levaram a família da moça a opor-se a aproximação dos jovens namorados. Mas
Sampaio, sempre impetuoso e ousado, apela para a violência e rapta a moça. A
jovem que pertencia ao famoso e rude clã dos Mourões, deu ao moço sertanejo um
bastardo cujos descendentes, espalhando-se pelas terras interiores do Ceará,
chegaram aos nossos dias.
Perseguido por aquele a quem ofendera, raptando-lhe a
filha, Sampaio refugia-se em Fortaleza onde, a 17 de julho de 1830, assenta
praça no 22° Batalhão de Caçadores de Linha.
Depois de terminar a escola de recrutas, recebeu as divisas
de cabo pela liderança demonstrada no período de aprendizagem, como também
pelas tarefas executadas no quartel. Em 1832, como sargento, partiu para
combater a rebelião liderada por Pinto Madeira, partidário da volta da
monarquia ao Brasil. Em Icó, a 4 de abril, teve o batismo de fogo numa das
batalhas mais mortíferas ocorridas no interior do Ceará.
Naquela época, o ambiente social era constantemente abalado
por movimentos populares, que reivindicavam maior atenção por parte do Governo.
Antônio de Sampaio sofreu influência do momento: como tantos outros militares
do seu tempo, não ficou imune aos atos de rebeldia. Participou do motim de 10
de novembro de 1833, quando seu batalhão se insubordinou e tentou compelir José
Mariano de Albuquerque Cavalcante, presidente da Província, a reconsiderar-se,
tornando sem efeito uma medida de caráter administrativa que adotara.
Pretendiam os rebeldes forçar o presidente a reintegrar, no
comando da tropa, o major Francisco Xavier Torres, dispensado do cargo pouco
antes. O motim encabeçado pelo próprio Torres fracassou graças a ajuda militar
de outro oficial, o primeiro tenente-Luis Sabino, que buscou a força de que
necessitava para sufocar a insólita quartelada.
Os insurgentes foram recolhidos ao quartel e os líderes
foram mandados para Recife, Pernambuco, a fim de serem julgados. Antônio Sampaio só seria
capturado mais tarde, em Canindé, onde se refugiara. Mas três meses depois foi
absolvido e libertado.
Em 1835, foi designado a reprimir as rebeliões sociais
no Pará, que ficaram conhecidas como Cabanagem (levante popular contra a
opressão e a miséria imposta pela metrópole). Marchou em seguida para o
Maranhão, onde havia também necessidade de interferência militar (Balaiada).
Em 1845, no Rio Grande do Sul ajudou na pacificação daquela
província. Pelos trabalhos prestados foi nomeado pelo Governo Imperial para servir
numa guarnição do Rio de Janeiro, em 1847.
Em 1966 os restos mortais do General Sampaio foram transladados para a Avenida Bezerra de Menezes, em frente ao antigo CPOR, nesta mesma data a estátua foi retirada da Praça Castro Carreira e levada para esse mesmo local, já sem o pedestal que foi destruído. (Foto Nirez)
Antônio Sampaio participou de várias mobilizações militares
no Rio Grande do Sul, Rio de janeiro e Pernambuco. Fez parte da expedição à
Colônia de Sacramento e da Divisão Auxiliadora que marchou para Montevidéu; fez
a Campanha Oriental, 1864 a 65; seguindo para o Paraguai, em 1865, assistiu à
passagem do Paraná, a 16 de abril de 1866; ao combate da Confluência a 17 de
abril; ocupação do forte de Itapiru, no dia 18; combate de Estero-Bellaco a 2
de maio; combate de Passo Cidra a 20 de maio; e por fim, a célebre batalha de
Tuiuti a 25 de maio, seu último feito de armas.
fotos Rodrigo Paiva
extraído do livro
A História do Ceará passa por esta rua
de Rogaciano Leite Filho
Parabéns pela matéria. Ressalto que o General Sampaio, é um Feitosa
ResponderExcluirpelo lado materno.