quarta-feira, 13 de novembro de 2013

General Sampaio, um herói na Guerra do Paraguai

Estátua do General Sampaio na Praça Castro Carreira (Praça da Estação) inaugurada no dia 24 de maio de 1900. Foi a segunda estátua de Fortaleza (foto Nirez)

Em seu uniforme de general, bordado a ouro, à frente das tropas que decidiam em Tuiuti a mais importante batalha da guerra do Paraguai, o cearense Antônio de Sampaio, passou para a história. Infelizmente não pode usufruir depois as glórias proporcionadas aos grandes combatentes no conflito onde milhares de brasileiros perderam a vida. 
Ao lado dos soldados, quando instigava com coragem o avanço das tropas para a vitória, foi ferido mortalmente. A fuzilaria paraguaia, superior três vezes ao contingente nacional, dizimava os mais ousados. Depois de perder seguidamente os quatro cavalos que montava, Antônio de Sampaio passou a combater de pé, sendo alvejado pelo inimigo. A terceira divisão ficou então sem a principal liderança, colocando em perigo a tropa inteira.

Em 1996 a estátua do General Sampaio foi transferida para a Avenida Alberto Nepomuceno, em frente ao quartel da 10ª Região Militar, onde se encontra atualmente.  

Internado no Hospital de Corrientes, devido aos inúmeros ferimentos que o haviam obrigado a abandonar o campo de luta, dia a dia mais se agrava seu estado de saúde. Conduzido para Buenos Aires, faleceu no dia 6 de julho de 1866 a bordo do navio de guerra Eponina. 
O corpo de Sampaio foi sepultado em Buenos Aires, sendo mais tarde transladados seus restos mortais para o Rio de Janeiro, para finalmente, vir repousar em Fortaleza. Em homenagem ao militar, uma rua de Fortaleza passou a ser chamada de General Sampaio, em 20 de janeiro de 1872. Os restos mortais de Sampaio foram exumados do cemitério São João Batista, onde estavam desde 1873, sendo transferidos para o monumento construído na Avenida Bezerra de Menezes em frente ao antigo CPOR.
A ideia de fazer de Sampaio o patrono da Infantaria da Escola Militar do Realengo coube à turma de cadetes de 1928, numa iniciativa inspirada em proposta do então primeiro-tenente Humberto de Alencar Castelo Branco. A ideia foi concretizada pelos seus colegas de 1930, fazendo de Sampaio não o Patrono da Infantaria de uma unidade, mas de toda a Arma, como o Patrono da Infantaria Brasileira.


Antônio de Sampaio nasceu a 24 de maio de 1810, em Tamboril, Ceará, filho do oficial de ferreiro Antônio Ferreira de Sampaio. Na miséria do interior cearense, sem escolas, não foi além dos conhecimentos rudimentares do primário. Participava, como a maioria dos seus companheiros de infância, das atividades relacionadas com o meio rural, ajudando o pai na sobrevivência da família.



Aos 19 anos tomou-se de paixão por uma jovem sertaneja e foi correspondido. Os preconceitos sociais vigentes e a disparidade de fortuna levaram a família da moça a opor-se a aproximação dos jovens namorados. Mas Sampaio, sempre impetuoso e ousado, apela para a violência e rapta a moça. A jovem que pertencia ao famoso e rude clã dos Mourões, deu ao moço sertanejo um bastardo cujos descendentes, espalhando-se pelas terras interiores do Ceará, chegaram aos nossos dias. 


Perseguido por aquele a quem ofendera, raptando-lhe a filha, Sampaio refugia-se em Fortaleza onde, a 17 de julho de 1830, assenta praça no 22° Batalhão de Caçadores de Linha. 
Depois de terminar a escola de recrutas, recebeu as divisas de cabo pela liderança demonstrada no período de aprendizagem, como também pelas tarefas executadas no quartel. Em 1832, como sargento, partiu para combater a rebelião liderada por Pinto Madeira, partidário da volta da monarquia ao Brasil. Em Icó, a 4 de abril, teve o batismo de fogo numa das batalhas mais mortíferas ocorridas no interior do Ceará.


Naquela época, o ambiente social era constantemente abalado por movimentos populares, que reivindicavam maior atenção por parte do Governo. Antônio de Sampaio sofreu influência do momento: como tantos outros militares do seu tempo, não ficou imune aos atos de rebeldia. Participou do motim de 10 de novembro de 1833, quando seu batalhão se insubordinou e tentou compelir José Mariano de Albuquerque Cavalcante, presidente da Província, a reconsiderar-se, tornando sem efeito uma medida de caráter administrativa que adotara.
Pretendiam os rebeldes forçar o presidente a reintegrar, no comando da tropa, o major Francisco Xavier Torres, dispensado do cargo pouco antes. O motim encabeçado pelo próprio Torres fracassou graças a ajuda militar de outro oficial, o primeiro tenente-Luis Sabino, que buscou a força de que necessitava para sufocar a insólita quartelada.
Os insurgentes foram recolhidos ao quartel e os líderes foram mandados para Recife, Pernambuco, a fim de serem julgados. Antônio Sampaio só seria capturado mais tarde, em Canindé, onde se refugiara. Mas três meses depois foi absolvido e libertado. 


Em 1835, foi designado a reprimir as rebeliões sociais no Pará, que ficaram conhecidas como Cabanagem (levante popular contra a opressão e a miséria imposta pela metrópole). Marchou em seguida para o Maranhão, onde havia também necessidade de interferência militar (Balaiada).
Em 1845, no Rio Grande do Sul ajudou na pacificação daquela província. Pelos trabalhos prestados foi nomeado pelo Governo Imperial para servir numa guarnição do Rio de Janeiro, em 1847.

Em 1966 os restos mortais do General Sampaio foram transladados para a Avenida Bezerra de Menezes, em frente ao antigo CPOR, nesta mesma data a estátua foi retirada da Praça Castro Carreira e levada para esse mesmo local, já sem o pedestal que foi destruído.  (Foto Nirez)

Antônio Sampaio participou de várias mobilizações militares no Rio Grande do Sul, Rio de janeiro e Pernambuco. Fez parte da expedição à Colônia de Sacramento e da Divisão Auxiliadora que marchou para Montevidéu; fez a Campanha Oriental, 1864 a 65; seguindo para o Paraguai, em 1865, assistiu à passagem do Paraná, a 16 de abril de 1866; ao combate da Confluência a 17 de abril; ocupação do forte de Itapiru, no dia 18; combate de Estero-Bellaco a 2 de maio; combate de Passo Cidra a 20 de maio; e por fim, a célebre batalha de Tuiuti a 25 de maio, seu último feito de armas.

fotos Rodrigo Paiva
extraído do livro
A História do Ceará passa por esta rua
de Rogaciano Leite Filho          

Um comentário:

  1. Parabéns pela matéria. Ressalto que o General Sampaio, é um Feitosa
    pelo lado materno.

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