Contraste
Quando partimos, no verdor dos anos,
Da vida pela estrada florescente,
As esperanças vão conosco à frente,
E vão ficando atrás os desenganos.
Rindo e cantando, céleres e ufanos,
Vamos marcando descuidadamente...
Eis que chega a velhice, de repente,
Desfazendo ilusões, matando enganos.
Então nos enxergamos claramente,
Como a existência é rápida e falaz,
E vemos que sucede exatamente,
O contrário dos tempos de rapaz:
Os desenganos vão conosco à frente
E as esperanças vão ficando atrás.
Antônio Tomás nasceu em 14 de setembro de 1866, na cidade de Acaraú – Ceará, filho de Gil Tomás Lourenço e Francisca Laurinda da Frota. Depois de estudar em Sobral, interessou-se pela vida religiosa, ainda na juventude. Em 6 de dezembro de 1891 ordenou-se sacerdote no Seminário da Prainha, em Fortaleza.
A partir daí começou a pregar o evangelho em cidades do interior do Estado, tentando, ao mesmo tempo, aliviar a população rural das consequências das secas e da miséria. Exerceu os cargos de coadjutor de Acaraú (1897-1901) e vigário de Acaraú (1901-1919 e de 1921 a 1924). Devido a problemas de saúde, deixou o sacerdócio em Acaraú e passou a morar em Santana, com familiares, até 1940.
Com o agravamento da doença, precisou ser transferido para a Santa Casa da Misericórdia de Sobral. Mas a necessidade de tratamentos mais sérios fez com que seguisse para Fortaleza. Na capital foi submetido a uma intervenção cirúrgica no Hospital São João, numa tentativa de prolongar um pouco mais a sua vida. Nove dias depois, no entanto, morreu vítima de um ataque cardíaco, as 23h15m do dia 16 de julho de 1941.
Conforme desejo expresso no testamento, o corpo foi sepultado no dia seguinte, na matriz da cidade de Santana do Acaraú, local indicado pelo próprio Antônio Tomás, onze anos antes.
Igreja Matriz de santana do Acaraú
imagem: http://cafehistoria.ning.com/photo/matriz-de-santana-do-acarau-2?context=latest
Peço muito encarecidamente aos meus irmãos, sobrinhos, parentes e amigos que nunca, de forma alguma e sob qualquer pretexto, concorram para a publicação coletiva dos meus versos. Quero ainda que meu corpo seja enterrado sem esquife, e que a pedra da sepultura seja reposta no mesmo plano, ficando debaixo do chão, como atualmente se acha, e que não ponha em tempo algum sobre ela, nome, data ou outro qualquer sinal exterior que a faça lembrada.
Este é um trecho do testamento deixado pelo padre Antônio Tomás, considerado um dos maiores sonetistas do Brasil. Apesar de não ter publicado livros, seus versos constavam obrigatoriamente de qualquer recital, tanto na província, quanto em outros Estados.
Modesto ao extremo, não desejava fama ou riqueza, razão pela qual permitia a publicação de alguns de seus poemas apenas em jornais da cidade, mesmo assim, por insistência de terceiros. Em 1942, foi eleito Príncipe dos Poetas Cearenses, através de concurso público promovido pela Revista Ceará Ilustrado, de Demócrito Rocha.
Dinorá Tomás Ramos, sobrinha do poeta e autora do livro Padre Antônio Tomás – o príncipe dos poetas cearenses, diz que a família obedeceu às disposições testamentárias: o padre foi sepultado sem ataúde, não sendo colocada nenhuma lápide, nenhuma inscrição, nenhum nome, nem sequer uma data.
extraído do livro
A História do Ceará passa por esta rua de Rogaciano Leite Filho
Agradeço matéria sobre o conterrâneo Pe Antônio Tomás
ResponderExcluiro conterrâneo foi um grande poeta, pena que seus poemas não foram reunidos em livro e ficaram dispersos.
ResponderExcluirQuando menino, na decada de 60, estudava em uma escola da Zona Rural do Municipio de Augusto Severo/RN. Certo dia, encontrei um livro com uma poesia de Padre Antonio Tomaz sobre o Açude. Decorei alguns versos, que ainda me recordo. Nunca mais encontrei este poema. Finalmente, agora, o encontrei na internet. Para surpresa minha, descobri que o Padre Antonio Tomaz era natural de Acaraú/CE, onde eu passei a morar desde 1981. Atribuia este poema ao Padre Antonio Vieira, pois não me recordava do nome completo do autor. Estou muito feliz por ter encontrado o poema e também por esta grande coincidencia: ele ser da cidade onde estou morando.Agora, vou conhecer um pouco mais de sua historia.
ResponderExcluirAntonio dos Santos de Oliveira Lima (Dr. Lima)
Engenheiro Agronomo/Professor/Radialista/Jornal A FOLHA.
www.blogdafolha.blogspot.com
www.blogdodrlima.com
Cruz/CE, 17/04/2013.
Olá Dr. Lima,
ExcluirOs poemas do Padre Antônio Tomaz não são muito conhecidos porque o autor não queria que fossem publicados. Fico feliz que você os tenha encontrado, são mesmo muito bons.
abs
Dr Lima,
ExcluirDr Lima, um cearence, dentista e oficial da aeronáu-tica, mostrou-me 101 sonetos do padre Antonio Thomaz:
recortes de jornal colados em um caderno.
Pesquizei e tenho hoje 109 sonetos, porém não tenho "O Açude". Como pretendo editar um livro, peço-lhe que publique neste blog ou envie para meu email o soneto "O Açude". Se publicá-lo farei menção à sua contribuição.
Atenciosamente,
Aldeny Foneca
aldeny fonseca@gmail.com
como faço pra encontrar o poema "o açude " ????
ResponderExcluirJairo Cesar, pessoalmente não sei, mas entre em contato com o Sr, Antonio dos Santos de Oliveira, o endereço está no comentário anterior ao seu, ele disse que encontrou esse poema de que voc~e fala.
ResponderExcluirabs
No livro "O Carpinteiro das Letras" (perfil biobibliográfico de Nicodemos Araújo), de nossa autoria, apresentamos algum material referente ao Poeta Padre Antônio Thomaz, o Príncipe dos Poetas Cearenses. Já no "Almanaque Poético de uma Cidade do Interior", publicamos cinquenta Sonetos do Padre Antônio Thomaz.
ResponderExcluirCara Fatima Garcia,
ResponderExcluirTenho 109 sonetos do Padre Antonio Thomaz, 20 a mais que o livro de Dinorá Tomás Ramos.
Gostaria de ter a sua opinião: haveria interesse na publicação de um outro livro?
Atenciosamente,
Aldeny Fonseca
aldenyfonseca@gmail.com
Alguém poderia me da informação do padre Antonio tomas
ResponderExcluirO primeiro poema que li do Pe Antônio Tomás foi O Palhaço. Poema esse apresentado pelo então professor Monsenhor Édson Magalhães, também acarauense. Dinorá Ramos, sobrinha do Padre Antônio Tomás, também escreveu um poema com o mesmo título.
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