quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A Instalação de Vilas no Ceará


vista da cidade de Icó, por volta de 1860

Entre o Século XVIII e início do Século XIX foram criadas diversas vilas na capitania do Siará. Constituíram-se também instrumentos de defesa dos latifundiários, que compunham o grupo dominante local.

Em 1736, o povoado de Icó, arraial de maior movimentação no interior, foi alçado á condição de Vila, a primeira dos sertões, evidenciando sua condição de um dos principais núcleos populacionais da província. 

Cidade de Icó, data não especificada (IBGE) 

Em 1851, foi a vez do povoado de Telha (atual Iguatu), que foi desmembrado de Icó e passou a constituir-se um município autônomo. No século XX, em razão de sua expressão agrícola e por haver se tornado terminal da Estrada de Ferro Baturité, Iguatu superou Icó como centro urbano de maior destaque do Alto e Médio Jaguaribe. 

A estação de Iguatu foi inaugurada em 1910 numa cidade original do início do século XIX - Vila da Telha - e que adotou o nome de Iguatu em 1883.


Aracati foi elevada à vila em 1748, constituindo-se o principal núcleo urbano do Ceará até meados do século XIX, quando foi superada por Fortaleza.

No ano de 1789 foi criada a Vila de Campo Maior de Quixeramobim. Também foram instaladas as Vilas de Sobral (1773), Granja (1793), São Bernardo das Russas, São João do Príncipe (Tauá), em 1801. 

Município de Sobral, data não especificada. (IBGE)

Em 1814 surgia a vila de Santo Antônio do Jardim e em 1816, a Vila de São Vicente das Lavras da Mangabeira.  Tais vilas eram chamadas nos documentos coloniais de vilas de brancos, em oposição às vilas de índios.

A explicação para a criação de tantas vilas numa região até então periférica para os interesses metropolitanos, é que na segunda metade do século XVIII, passou a haver uma reestruturação administrativa do Brasil, com o objetivo de atender os novos anseios econômicos e políticos de Portugal. Assim, o Ceará passou a receber maior atenção da Coroa Portuguesa, daí a criação de vilas.

Naquela ocasião houve ainda uma expansão da economia da capitania, com a produção e comércio de charque, couro e, mais tarde, o algodão. A análise da localização geográfica das vilas de brancos (exceto Fortaleza e Aquiraz) mostra que elas estavam situadas em pontos estratégicos para a produção, reprodução e circulação das atividades econômicas – no cruzamento das estradas sertanejas – nos locais de boa pastagem, e na foz dos principais rios do Ceará, como o Jaguaribe e seus afluentes, o Acaraú e o Coreaú. 

A criação das vilas também estava relacionada à preocupação em aplicar a justiça e do controle social das populações, na medida em que tais vilas serviriam para as autoridades policiarem as populações e administrarem as áreas próximas.

caminhão de transporte de passageiros de Russas para Fortaleza (IBGE)

As vilas também visavam ao aumento da produção agrícola, pois caberia aos administradores reunir e vigiar os desocupados e vadios, obrigando-os a trabalhar e produzir, o que pode ser vinculado à necessidade de produzir alimentos para o mercado interno e, sobretudo, à demanda externa por algodão, em virtude da Revolução Industrial.

Tais preocupações ficam evidentes, por exemplo, quando o ouvidor da capitania Manuel Magalhães Pinto e Avelar, enviou carta à rainha D. Maria I relatando que as vilas deveriam desenvolver projetos para integrar os homens, tornando-os úteis à sociedade. O capitão-mor Luís da Mota Feo e Torres (1789-99) baixou uma norma em 1789 para a Região dos Inhamuns, determinando que os proprietários rurais não mantivessem em suas fazendas, agregados que fossem criminosos ou desertores, devendo entrega-los aos juízes ordinários ou encaminhá-los a cadeia mais próxima.

trecho do Rio Jaguaribe (IBGE)

A Ordem Régia de 22 de julho de 1766 dava poderes para a criação de vilas e obrigava que fossem distribuídos os vagabundos e ladrões nos povoados existentes  com 50 fogos (casas) para cima, repartindo-lhes com justas proporções as terras adjacentes. Foi tal Ordem Régia que fundamentou a criação de várias vilas cearenses.

pesquisa:
História do Ceará, de Aírton de Farias
http://www.estacoesferroviarias.com.br

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