Fortaleza, Rua Floriano Peixoto, início do séc. XX (arquivo Nirez)
A passagem de Fortaleza de pequena vila sem importância
funcional, desprovida de um porto equipado e localizada em um sítio desfavorável
à condição de grande cidade com extenso espaço regional e expressivo papel de
comando se confirma na extrapolação dos limites estaduais favorecendo a
conquista de imensa área de influência e
mesmo a hinterlândia do seu porto que, na condição de importador, distribui
mercadorias para toda a região. Fortaleza, hoje de porte metropolitano, guarda
muito do seu passado, com vestígios de cidade provinciana. Entretanto, não é
negligenciável a intensa e acirrada competição urbana que ela estabelece com
tradicionais metrópoles brasileiras, especialmente as do Norte e Nordeste.
centro de Sobral (acervo IBGE data não especificada)
Se Fortaleza foi aos poucos conquistando essa posição que
ocupa hoje no sistema urbano brasileiro, no interior, por sua vez, apenas
Sobral e o aglomerado urbano de Crato – Juazeiro do Norte se destacavam como
centros comerciais e industriais. Como já foi visto anteriormente, criação de gado foi marcante no processo de
povoamento e ocupação do espaço cearense. A predominância da criação extensiva impediu
em parte, o surgimento e o crescimento de cidades, haja vista o papel da
atividade pecuária na dispersão da população.
Igreja Matriz de Aquiraz (foto do blog)
Foi Aquiraz a primeira vila criada no Ceará. Hoje esta é
cidade–sede do município com o mesmo nome, contido na Região Metropolitana de
Fortaleza, que só foi elevada à categoria de vila em 1726. As demais vilas
criadas no Estado, ainda no século XVIII foram: Icó (1738), Aracati (1748),
Caucaia (1759), Crato (1764), Baturité (1764), Sobral (1778), Granja (1776),
Quixeramobim (1789) e Guaraciaba do Norte (1796).
Baturité, em data não especificada (arquivo Nirez)
No início do século XIX começaram as primeiras atividades de
exportação pelo Ceará, como capitania emancipada (desmembrada em 1799 da
Capitania de Pernambuco), e em 1826, a Vila de Fortaleza chega à condição de
cidade.
Após Fortaleza foram elevadas à condição de cidade, ainda no
século XIX, somente as vilas de Sobral (1841), Icó e Aracati (1842), Crato
(1843) Quixeramobim (1856) e Baturité (1858). Das cidades cearenses, aquelas originárias
de vilas criadas no século XVIII, ainda hoje se constituem, com raras exceções,
as mais importantes do estado. Poucas mudanças ocorreram na hierarquia urbana
cearense, se for considerado o tempo transcorrido entre a fundação da primeira vila
(Aquiraz-1713) e o quadro atual da realidade urbana estadual.
Cidade de Icó, anos 1910/20
Icó e Aracati assumiram importante papel enquanto centros
urbanos no interior. Aracati, antiga São José do Porto dos Barcos, mais tarde
Santa Cruz de Aracati, expandiu-se pouco a pouco, chegando a estender sua
influência sobre todo o território do Ceará. Sua condição de porto de entrada e
saída de mercadorias, principalmente carne-de-sol, muito contribuiu para o seu
crescimento. O advento das charqueadas no Ceará influenciou a pujança de
Aracati, que se tornou o mais movimentado e rico centro da capitania do
Ceará. Em face dessa atividade, Aracati
tornou-se o grande centro urbano cearense do passado. Hoje sua influência
restringe-se ao litoral, nas imediações da foz do Jaguaribe.
Praia de Canoa Quebrada, em Aracati
extraído do artigo José Borzachiello da Silva
A Cidade Contemporânea no Ceará
publicado no livro Uma Nova História do Ceará
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