O planeta terra costuma ser chamado de planeta água. Pudera: cerca de 2/3 do planeta é coberto pelas águas. Os oceanos ocupam em torno de 70% da superfície e os continentes ficam com o resto.
Desse fabuloso estoque, 97,5% é água salgada, está nos oceanos, imprópria para consumo; 2,493% estão nas geleiras ou são subterrâneas, estão indisponíveis ou são de difícil acesso e apenas 0,007% é água doce, disponível para o consumo. A distribuição dessa fração de 0,007% de água doce no planeta é bastante irregular e o Brasil detém quase 12% de toda água doce do mundo.
A água é um recurso natural renovável, devido ao processo de circulação no planeta, que realimenta o estoque, conhecido por Ciclo Hidrológico:
Evaporação – a água evaporada dos diferentes ecossistemas, das atividades humanas é transportada até as regiões mais altas da atmosfera e onde se condensa pela ação das baixas temperaturas;
Precipitação – a água condensada cai em forma de chuva, neve ou granizo, dependendo da temperatura da atmosfera local; Parte da água infiltra-se no solo, formando corpos de água subterrâneos (poços rasos, artesianos, semi-artesianos, minas, fontes e drenos).
Assim, na continuidade dessas fases, é que se garante a renovação do estoque de água doce utilizável no planeta.
É preciso observar que não há síntese de água que poderia aumentar gradativamente a sua quantidade; o que existe, é a reposição da quantidade estabelecida.
Mas o consumo no mundo é sempre crescente: nenhuma atividade se desenvolve sem água. A agricultura é a que mais demanda, em volume, os recursos hídricos.
imagem: o globo
A produção de alimentos responde por 70,2% do consumo de água que provém dos mananciais. Em seguida os maiores usos são a produção industrial (22%) e o abastecimento humano (8%). Estes valores percentuais representam uma média mundial e variam muito de um país para outro. Nos países desenvolvidos, por exemplo, que tem ¾ de todas as terras irrigadas, o consumo na agricultura chega a 90%.
Se as projeções da ONU sobre o crescimento populacional estiverem corretas, em 2030, o planeta terá uma população de 8,1 bilhões de pessoas. Isso implica que a oferta de alimentos terá que aumentar em cerca de 55%, o que elevará o volume de água usada na irrigação a níveis insustentáveis.
imagem: o globo
Depreende-se, portanto, que se não forem adotadas medidas urgentes contra o desperdício, e contra a poluição ambiental, e adotados modelos racionais de uso nas diversas atividades, poderemos em um futuro próximo, enfrentar sérios problemas de desabastecimento.
Hoje, cerca de 1,1 bilhões de pessoas sofrem com a dificuldade de acesso a mananciais de água potável. Anualmente 500 mil pessoas morrem na Índia devido ao consumo de água contaminada. O ritmo de consumo de água aumentou duas vezes mais que o crescimento da população, segundo dados da ONU.
Atualmente, vários países enfrentam problemas com a falta de água, como
Kuwait, Israel, Jordânia, Arábia Saudita, Líbia, Iraque, Bélgica, Argélia, Cabo Verde, Etiópia, Iraque, Hungria, México, Estados Unidos, França, Espanha e outros, ou seja, em 26 países do planeta a seca é crônica.
seca na África
imagem: http://www.ecodebate.com.br
Organismos internacionais alertam para o fato de que nos próximos 25 anos cerca de 2,8 bilhões de pessoas poderão viver em regiões com extrema falta de água, inclusive para o próprio consumo. Se a escassez de água atinge preferencialmente os mais pobres, mas não se deve ignorar o fato de que países desenvolvidos já figuram nessa lista, a exemplo dos Estados Unidos, França e muitos outros países da Europa, onde a quase totalidade dos rios está contaminada.
Muitos acreditam que os países podem entrar em guerra por causa dos recursos hídricos, pois estudos indicam que o consumo mundial de água dobra a cada 20 anos. A água tem sido considerada, no final deste século, um recurso escasso e estratégico, por questão de
segurança nacional e por seus valores social, econômico e ecológico.
Situação do Brasil
O Brasil é o grande reservatório de água do mundo, pois possui a maior reserva do planeta – 11,6% da água doce disponível estão no Brasil, que perfazem 53% dos recursos hídricos da América do Sul.
Em média cada brasileiro possui 34 milhões de litros ao ano à sua disposição. Mas essa água é mal distribuída, uma vez que 80% encontram-se na Amazônia, onde vivem apenas 5% da população brasileira. Os 20% restantes abastecem 95% dos brasileiros.
Nos centros urbanos, os problemas de abastecimento estão diretamente relacionados ao crescimento da demanda, ao desperdício e à urbanização descontrolada – que atinge regiões de mananciais.
trecho navegável do Rio São Francisco entre os estados de Sergipe e Alagoas
Na zona rural, os recursos hídricos também são explorados de forma irregular, além de parte da vegetação protetora da bacia (mata ciliar) ser destruída para a realização de atividades como agricultura, pecuária e maricultura.
Não raro, agrotóxicos e dejetos utilizados nessas atividades também acabam por poluir a água. A baixa eficiência das empresas de abastecimento se associa ao quadro de poluição: as perdas na rede de distribuição por roubos e vazamentos atingem entre 40% e 60%, além de 64% das empresas não coletarem o esgoto gerado.
bancos de areia no Rio São Francisco
O saneamento básico não é implementado de forma adequada, já que 90% dos esgotos domésticos e 70% dos afluentes industriais são jogados sem tratamento nos rios, açudes e águas litorâneas, o que tem gerado um nível de degradação nunca imaginado.
Mas a região do Brasil mais afetada pela escassez de água, é o Nordeste, onde os regimes pluviais são irregulares e grande parte de rios da região são temporários.
Esse é nosso próximo assunto.
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