quinta-feira, 13 de março de 2025

As Tribos indígenas representadas nas ruas da Praia de Iracema

 

Primeiro surgiu o Porto das Jangadas, um pedaço do litoral com grande concentração dessas frágeis embarcações que proviam o sustento de famílias da beira da praia. Depois virou a Praia do Peixe, que começou a ganhar importância a partir dos anos 20, com o início da construção de casas de veraneio, sinalizando o início da mudança que estava por vir. Então, por volta da metade da década, foi proposta uma mudança de nome que passaria a ser chamada de Praia de Iracema, em homenagem à índia Iracema, heroína do romance indianista, criação do escritor José de Alencar. A mudança foi aprovada por votação, com ampla maioria.

O nome ampliado para o bairro, ganhou algumas ruas com nomes indígenas, em homenagem às inúmeras nações que habitaram as terras do Ceará e do Nordeste.

O Estoril fica na Rua dos Tabajaras

Não se sabe ao certo quantos povos nativos habitavam o Ceará quando da chegada dos primeiros conquistadores. Deviam ser numerosos, sobretudo porque nativos de capitanias vizinhas fugiram para esta capitania em busca de refúgio, uma vez que o Ceará foi uma das últimas áreas do atual Nordeste a ser conquistada pelos colonos nos séculos XVII e XVIII. Quando Pero Coelho alcançou atingiu a Ibiapaba em 1603, encontrou cerca de 70 aldeias indígenas. Denominação de algumas nações indígenas, lembradas nas vias da Praia de Iracema.

O bairro Praia de Iracema nos anos 80
    

Rua dos Ararius está localizada entre as ruas Gonçalves Ledo e historiador Guarino Alves. Por volta de 1700, os Ararius viviam no alto vale do rio Acaraú, próximo a suas nascentes, na região da serra da Ibiapaba.

Rua dos Cariris está localizada entre a Rua dos Tremembés e a avenida Almirante Tamandaré. Os povos Cariris tiveram participação marcante na “Guerra dos Bárbaros”. Habitavam o sul do Ceará e o sertão pernambucano.

A Guerra dos Bárbaros foi um conflito iniciado por volta de 1680, para combater o avanço dos colonos pecuaristas sobre as terras, escravizando e expulsando os povos nativos. As tribos indígenas do Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Paraíba e Piauí se uniram numa grande aliança para enfrentar os invasores. A guerra durou quase 50 anos, se prolongando das últimas décadas do século XVII até a segunda década do século seguinte.   

Rua dos Guanacés – fica entre as ruas dos Ararius e dos Tremembés. Os Guanacés eram indígenas que se estabeleceram nas proximidades do município de Horizonte.

Rua dos Potiguaras se encontra entre as ruas dos Tabajaras e Groaíras. Eram indígenas que no século XVI habitavam a região costeira situada entre a foz dos rios Jaguaribe e Paraíba do Norte, que compreende os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.

Rua dos Cariris

Rua dos Tabajaras está situada entre o mar e a rua dos Potiguaras. Os Tabajaras viviam na Serra da Ibiapaba e deram boa acolhida aos missionários portugueses na época da colonização.

Rua Tijipió fica entre a avenida Almirante Barroso e a rua Dragão do Mar. A tribo Tijipió povoava o Estado de Pernambuco.

Rua dos Tremembés está localizada entre as ruas dos Guanacés e dos Cariris.  Os Tremembés habitavam a região que hoje corresponde aos municípios de Acaraú, Itarema e Itapipoca, dentre os quais o distrito de Almofala, em Itarema, é o mais conhecido.

Travessa Tupi está situada entre as ruas Historiador Guarino Alves e Tomás Lopes. É uma homenagem ao tronco linguístico ameríndio, formado pelos povos Tupi-Guarani, Mondukuru, Juruna, Arikén, Tupari, Romarâma e Mundé. No início da colonização europeia na América do Sul, os nativos pertencentes a esse tronco ocupavam vasto território, desde o rio Amazonas até o rio da Prata.

 

Fontes:

A Praia de Iracema dos anos 50/Jaildon Correia Barbosa/Fortaleza: Premius/2010

História do Ceará/Airton de Farias/Fortaleza: Edições Livro Técnico/2009.

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