quinta-feira, 5 de junho de 2014

A Festa do Pau da Bandeira

imagem do site: O Cariri ligado nas notícias  

O Pau da Bandeira em homenagem ao padroeiro Santo Antônio, é a principal festa popular da cidade de Barbalha. Tem início no último domingo de maio e se encerra no dia 13 de junho. É uma tradição secular, de meados do século XIX, desde os tempos em Barbalha era ainda uma vila.
O hasteamento da bandeira é o marco de abertura da festa que a cada ano assume maiores proporções, atraindo milhares de visitantes. Nessa ocasião congregam-se todas as classes sociais, partidos políticos, ritos e crenças em torno do grande acontecimento.
O mastro ou “Pau da Bandeira” como é popularmente chamado, é retirado do Sítio São Joaquim, doado pela família Teles desde 1928, e a cada ano, utiliza-se uma nova madeira, nunca inferior a 20m.
A tarefa de escolha, tratamento e transporte do pau é feita pelo Capitão da Bandeira e sua equipe que são os responsáveis pelo sucesso da festa. O capitão da bandeira deverá ser pessoa de grande responsabilidade,  discernimento, conhecedor da região, e principalmente, responsável pela população local. É ele quem escolhe o tronco a ser cortado e organiza os carregadores, por tamanho e força física, ao longo do madeiro para iniciar o trajeto.

 imagem: blog da sagrada família

No Domingo que antecede o grande dia é escolhido o tronco que deverá ser reto e uniforme e de boa madeira, pois após a festa é leiloado ou vendido às serrarias locais. O tronco é cortado, descascado e bento pelo vigário local. Quando está pronto para ser utilizado é retirado da “cama” e levado para a margem da estrada a uns 7 ou 8 km do centro da cidade.
Na madrugada, grande parte dos carregadores do pau iniciam a festa no próprio local, com comidas e bebidas e, por volta do meio-dia iniciam o traslado  com uma média de 80 a 90 homens que carregam ao ombro o grande madeiro. 

imagem Diário do Nordeste  

São pessoas de várias camadas sociais da cidade. Durante o trajeto muita gente se reúne ao cortejo, que ao chegar na cidade já conta com mais de 200 carregadores. Há um misto de religioso e profano. As mulheres procuram sentar no Pau ou tirar-lhe as lascas para fazer chá em busca de um casamento, e os homens, para aumentar-lhe a força física; todos bebem a tradicional “Cachaça do Vigário” que vai numa carroça pipa por toda a caminhada.
O “Pau do santo” como também é chamado, entra na cidade à tardinha, acompanhado pelos devotos, visitantes e a população em geral. Acompanham o cortejo bandas Cabaçais, penitentes, quadrilhas juninas, lapinhas e reisados. Um carro andor abre o cortejo ao som da banda de música que executa o hino de Barbalha e os Hinos de Santo Antônio.
A procissão segue pelas principais ruas da cidade até a Igreja matriz onde é feito o hasteamento. A bandeira de Santo Antônio é atada à ponta do mastro e inicia-se a perigosa tarefa de erguer o pau, que ainda é feita de forma bem rudimentar, com tesouras de madeira e cabos. Alguém sobe no mastro, dá vivas ao santo e a partir desse momento iniciam-se os festejos litúrgicos e profanos que só serão encerrados no dia 13 de junho com grande procissão e missa de encerramento na Igreja Matriz.

 imagem Diário do Nordeste

Durante as festividades religiosas, quando ocorrem as novenas, bandas de músicas abrem os dias com alvoradas. A praça principal é cercada de barracas com comidas e bebidas típicas, jogos, parques de diversões e o tradicional pau-de-sebo. No centro da praça é erguido um palco para os espetáculos diários de grupos artísticos e folclóricos  da região.



Extraído do livro
O Ceará nos Anos 90 – Censo Cultural   

 

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