Desde o século XIX, várias cidades cearenses que desfrutavam
de maior relevância política, econômica e social, reivindicaram os
melhoramentos decorrentes de avanços tecnológicos, que normalmente eram
privilégio das capitais. O querosene, óleo mineral derivado do petróleo,
importado dos Estados Unidos, tornou-se uma alternativa no Ceará desde a
segunda metade do século.
Sua comercialização em latas de 2 e 5 galões, em
garrafas de 1 litro e no retalho, contribuiu para que se tornasse de uso
corrente na iluminação residencial. Por demandar poucos investimentos, o
querosene foi a solução adotada para a iluminação pública em algumas cidades do
interior.
A referência mais antiga é da cidade de Sobral, que o teria
adotado por volta de 1884, com a utilização do querosene em combustores de
madeira. Em 1893, Iguatu instala dois combustores na Praça da Matriz, por
iniciativa do vigário Raimundo Hermes Monteiro, assegurando a despesa de
manutenção com custeio aprovado pela Câmara Municipal.
Crato - casas no centro (acervo IBGE)
Iguatu (data não especificada) - arquivo Nirez
No final do século XIX o gás acetileno, introduzido no Ceará
por importadores franceses, tornou-se o combustível alternativo, diante das boas
possibilidades comerciais. Algumas cidades cearenses foram iluminadas por esse
sistema: Aquiraz (1902), Tauá (1910), Russas (1912), Lavras (1912). Nesse mesmo ano,
a cidade de Iguatu adota também o acetileno em substituição ao querosene.
O interesse de populações e líderes das cidades interioranas
pela obtenção de modernos recursos para a geração de energia acompanha as
transformações vividas na capital. Na virada do século, notadamente, começa a
se expandir a busca por transporte coletivo e iluminação pública.
Icó (entre 1910/20) - Arquivo Nirez
Pela lei n° 1057, de 23 de agosto de 1911, o Presidente do
Estado autorizava as Câmaras Municipais de Messejana, Soure (Caucaia) e Redenção
a contratarem os serviços de transporte
por tração elétrica. As cidades de Aracati, Icó e Iguatu obtêm, pela lei 1064,
de 28 de agosto do mesmo ano, idêntica autorização para implantarem bondes de
tração elétrica, ainda que não houvesse a menor condição do serviço ser
implantado.
Quanto à implementação da iluminação pública por energia
elétrica, leis sucessivas são sancionadas pelo presidente do Estado,
autorizando a contratação desses serviços para os municípios que buscavam este
melhoramento. Em 1913 foram autorizados
os municípios de Barbalha, Iguatu, Crato,
Ipu e Quixadá. Três anos depois
foi a vez dos municípios de Maranguape, Baturité, Camocim e Aracati.
Aracati, na foto, o cruzeiro da matriz (arquivo Nirez)
No ano de 1918, ainda no âmbito dos atos legais para
contratação de usinas geradoras de energia elétrica, recebem a sanção do
presidente do Estado os municípios de Cascavel, Lavras, União (atual
Jaguaruana), Russas, Limoeiro, Crateús, Icó, Jaguaribe-Mirim e Tauá.
Em 8 de agosto de 1927 se encerra esse período de ação
política, que se transforma em atos concessórios para a contratação de serviços de luz e força,
permitindo que qualquer Câmara Municipal no Estado buscasse a solução mais
apropriada para sua comunidade.
Extraído do
livro
História da
Energia no Ceará, de Ary Bezerra Leite
Nenhum comentário:
Postar um comentário