Ipueiras
Arco de N. S. de Fátima
Arco de N. S. de Fátima
Estação Ferroviária
O município de Ipueiras surgiu a
partir da prisão de Manoel Martins Chaves, potentado do lugar. Acusado de ter
mandado matar o Juiz Ordinário de Vila Nova d’El-Rei, contam os historiadores, que o então governador da província do Ceará, João Carlos
Augusto Oeynhausen e Grwembourg resolveu prender o coronel e, para isso,
decidiu viajar para a Ibiapaba.
A intenção do governador, aparentemente, era a
de passar revista no Regimento da Capitania. Assim, foi recebido por Manoel
Martins Chaves que, para ser útil ao governador, o acompanhou por algum tempo
até que Oeynhausen resolveu revelar a sua verdadeira intenção. Estava com o
coronel em Ibiapina quando mostrou uma réplica da coroa portuguesa para ele e
perguntou se sabia de quem era. O coronel disse que era da rainha, Sua Senhora.
Oeynhausen, diante disso, acrescentou: “pois, diante desta coroa, o senhor está
preso” e disse lá o motivo. Levado para Fortaleza, Manoel Martins foi
em seguida, transferido para Lisboa onde foi recolhido na prisão de Limoeiro.
Morto em 1808, justamente no ano em que
a Família Real partia de Portugal para o Brasil, as terras do coronel foram
vendidas em Vila Nova d’El-Rei. Dentre elas a Fazenda Ipueiras que, com o
tempo, foi doada à freguesia de Nossa Senhora de Assunção e hoje dá nome à
cidade que dista 298 quilômetros de Fortaleza.
Pedra-Lascada - Itapipoca
A lenda de Itapipoca é indígena.
Denominada “pedra lascada” em tupi-guarani, há quem diga que esta lenda data do
tempo do dilúvio. Neste tempo, enquanto Noé singrava os mares por cima da
Mesopotâmia, as águas da praia da Baleia invadiam a região de Uruburetama e
tomavam conta do lugar. Quando o dilúvio acabou, Noé se deparou com o
arco-íris. Em Itapipoca, o que surgiu foi uma pedra, justamente aquela que dá
nome à cidade e que ainda hoje pode ser vista em Vila Velha do Arapari, com o
nome de Itaquatiara, em tupi-guarani, ou “pedra-d’água” em português.
Tesouros e Dragões do Ipu
Igreja de São Sebastião
Igreja de São Sebastião
Vista parcial da cidade
Ipu, a região para onde a índia Tabajara
Iracema, protagonista do romance de José de Alencar, se dirigia para tomar banho em uma bica,
também tem suas lendas. A Grécia fala de um velocino de ouro, guardado por um
dragão, a Alemanha de um anel, o de Nibelungo, guardado por outro dragão. No
Ipu também havia um dragão que guardava um tesouro, mas que foi vencido por um
holandês. Descobrindo uma forma de fazer o monstro dormir, este holandês, que
não tem nome conhecido, conseguiu roubar um pouco do tesouro que o monstro
guardava em sua gruta. Feito isso, levou-o para a frente da Igreja de São
Sebastião, que estava sendo construída em Ipu, e o enterrou para que toda a sua
riqueza fosse protegida pelo santo. Em seguida, partiu para a gruta novamente.
A intenção, desta vez, era a de levar todo o ouro que existia no local. Mas
como não conseguiu adormecer o dragão, suficientemente, foi morto por ele.
A lenda, no entanto, se espalhou e, em pouco
tempo, apareceu muita gente disposta a explorar a gruta do holandês. A pessoa
que se deu bem, no entanto, não precisou ir até lá. Trata-se de um homem
chamado João da Costa Alecrim que, sem precisar enfrentar nenhum monstro nem
entrar em nenhuma gruta, deu com o tesouro do holandês diante da Igreja de São
Sebastião. Assim, ficou rico da noite para o dia. Toda vez que saía de casa,
porém, era recebido com indiferença pela população do Ipu, que considerava
que todo aquele ouro estava sob a guarda de um santo (São Sebastião), e não
admitia que ninguém se servisse dele tal como fez Alecrim. Assim, toda vez que
passava pelas ruas do povoado, a população dava-lhe as costas.
A Cruz Milagrosa de Solonópoles
Solonópoles é tida e havida como terra
de muita fé. Foi ali que se deu um caso até hoje contado como
intrigante. Pastoreando os rebanhos do tenente general Manuel Pinheiro do Lago,
um de seus escravos viu reluzir, por entre o matagal rarefeito, um objeto de
metal. Percebendo que era um crucifixo que media mais ou menos um palmo de
comprido e largura, pegou-o e o levou, imediatamente, para a casa grande sem se
importar mais com as ovelhas do general.
Na casa grande, entregou a cruz para a
mulher do general, dona Rita das Dores Pinheiro, que levou a cruz para a capela
da fazenda. No dia seguinte, porém, a cruz havia sumido. Procurada por todo
canto, ninguém dava com ela até que o mesmo negro a descobriu no mesmo local.
Colocando a cruz em um baú, desta vez, dona Rita esperou para ver o que haveria
de acontecer e, para sua surpresa, a cruz sumiu outra vez sem ninguém forçar o
baú para o abrir.
Diante disso, dona Rita resolveu reunir a família na fazenda
e discutir a situação. Terminada a reunião, foi tomada a seguinte decisão: dona
Rita haveria de construir uma capela para aquela cruz no mesmo local onde ela
apareceu a primeira vez. Tomada essa decisão, algo quase inacreditável
aconteceu: a cruz reapareceu novamente. Desta vez dentro do baú sem que, como
antes, fosse forçado. Diante disso, a capela foi construída, rapidamente, e o
primeiro milagre da cruz aconteceu. A filha do coronel Simeão Correia Lima
Landim era muda e, por algum motivo, transportava a cruz de metal de um lugar
para outro. Durante este percurso, abriu a boca e falou. Toda população de
Solonópoles testemunhou o ocorrido e, desde então, a capela de Bom Jesus
Aparecido da Cachoeira, atual Solonópoles, nunca mais deixou de ser frequentada
pelos fieis.
Os Camelos de Fortaleza
Praia do Pirambu
Riacho Pajeú e a amurada do Forte N.S. de Assunção
Recém-chegado ao Ceará em 1859, o pintor
francês, F. Biard, não ficou nem um pouco surpreso quando se deparou com alguns
camelos nas praias de Fortaleza. Para ele isso era muito natural. Mas não para
a população, que ficou extasiada com a chegada daqueles ruminantes.
A ideia, na verdade, partiu da Comissão
Científica, formada no Rio de Janeiro em meados do século XIX e que tinha o
objetivo de viajar por todo o Brasil coletando amostras da fauna e da flora do
País. Acreditando que o clima cearense era propício para a criação de camelos e
dromedários, a Comissão, também chamada “das Borboletas”, por causa de sua
aparente inutilidade, aconselhou Dom Pedro II a praticar esta experiência
científica.
Assim, no dia 14 de setembro de 1859,
Fortaleza assistia estupefata, a chegada de 14 animais totalmente estranhos ao
seu meio ambiente. Impressionado com aquilo, o povo de Fortaleza foi para o
cais ver a chegada dos camelos e dos quatro árabes que os acompanhava. Como a
Comissão Científica queria saber se os animais se adaptariam de fato, ao clima
seco do Ceará, promoveu uma pequena caravana, dirigida por um dos árabes, que
tinha, como finalidade, partir de Fortaleza e chegar a Baturité.
Não se sabe se a caravana foi ou não bem
sucedida. O certo é que, com o tempo, os camelos deixaram de ser meios de
transporte, no Ceará, e tornaram-se atração turística. Eram levados para
Pernambuco, por exemplo, onde os jornais locais anunciavam a chegada deles da
seguinte forma: “No botequim do Buessard, camelos aclimatados no Ceará.
Entrada: 500 reis”.
transcrito do portal "O Estado"
fotos do IBGE
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