Desde 1632 os holandeses, que já dominavam Pernambuco,
tentavam se apossar do Ceará, onde existia um pequeno contingente português na
barra do rio Ceará; mas só conseguiram seu intento em 1637, no governo do
Príncipe Maurício de Nassau.
Com a ajuda de Algodão, chefe dos tapuias
estabelecidos em Arronches (atual Parangaba), e sob o comando de Joris
Gartsman, se apoderaram do fortim, em poder dos portugueses desde o tempo de
Pero Coelho, sob a denominação de Forte de Nossa Senhora do Amparo (Souza, 1885) ou Forte de São Sebastião (Studart, 1937).
Expulsos dali em 1644, os invasores holandeses
voltaram ao Ceará no Governo de Schoonemborch, de sorte que em 1649 era fundado
por Matias Beck o forte de nome desse governador, no local que após a
capitulação do Recife, os portugueses fundaram o Forte de N. S. da Assunção.
A expedição ancorando no Mucuripe, tentou desembarcar
em dois pontos diversos da hoje praia do Meireles, e não conseguindo por causa
da arrebentação, veio fazê-lo em frente à embocadura do pequeno regato
designado por Marajaitiba (Pajeú).
O terreno da hoje moderna cidade estava dividido em
duas lombadas, uma onde assenta agora o quartel, o Passeio Público, etc.e
outra, onde ficava a Rua Formosa, desde a Travessa Municipal até a Rua das
Trincheiras.
Havia um
aldeamento de índios no sitio localizado na extremidade norte da rua do
Chafariz, quase na embocadura do Marajaitiba. Na planta de Mathias Beck, o
riacho Jacarecanga aparece com o nome de “Tipoig”, e a barra do Ceará ou
Itarema para os holandeses, apresenta do lado direito um velho fortim português
denominado São Sebastião e as casas de dois indígenas.
As edificações feitas pelos holandeses no monte
Marajaik consistiam no forte de 5 pontas, cercado de parapeitos e paliçadas. No
recinto do forte, construíram um armazém guarnecido com paliçadas e, junto ao
portão, um alojamento para Mathias Beck. Para receberem mantimentos, que vinham
por mar, procedentes de Pernambuco, os invasores fizeram um acesso que punha a
fortificação em comunicação com o mar.
Do fortim descrito no mapa se projetava uma estrada para
o interior em direção à Itarema (Serra da Taquara), onde os holandeses
acreditavam haver minas de prata, que teriam sido exploradas, com sucesso ou
não – por Martim Soares e outros portugueses.
Nessa linha encontra-se, sem designação o riacho do
Tauape; mais além do ribeiro que denominavam “Pirdo-Çai”, adiante quase 2
léguas da costa, a Lagoa do Arronches, ao ocidente da qual corria o caminho,
bifurcando-se nele, o que conduzia à Barra do Ceará.
Entre a lagoa do Arronches e a de Mondubim corria um
regato que não traz nome. Cerca de uma légua além de Mondubim a estrada era
cortada por um pequeno regato sem identificação, e duas milhas adiante,
deparava-se com o rio Itapeba, uma légua além do qual o caminho se dividia em
dois ramais, um ao ocidente, conduzindo a Itarema, e outro ao oriente,
conduzindo a Pirapora, no sopé da serra de “Maraguá”, conforme ali designado.
Toda esta extensão era deserta. Em meio a Serra da Taquara
(Itarema) havia um quartel do comissário Hendrick Van Ham, incumbido da
exploração e mineração de prata, que os mineiros diziam existir ali em duas
fendas, maior e menor, já no vértice da montanha, ficando-lhe de permeio o
pico, a que se dava o nome de Itarema.
Do alto da serra corria um riacho que vem designado
sob o nome de Itarema Igeoab, o qual deve ser o riacho Taquara. Já os colonos
das duas nações, estabelecidos precedentemente na barra do Ceará frequentavam
esta região, pois nesta planta ou carta, que os holandeses chamavam da
Capitania do Ceará, se veem traçados, um pouco abaixo de Taquara, dois caminhos
que conduziam ao rio Ceará. Tudo quanto existia na região propriamente de
Pirapora (Pirapedoba) consistia em quatro roças de milho e de mandioca
pertencentes aos índios.
Extraído do livro Ceará (homens e fatos) de João Brígido
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSuper legal o texto. Msis intetessante é que Joãp Brígido escreveu essas informações antes de José Hygino trazer esses fatos ao Ceará. Motivo uma cópia do Diário de Matias Beck já estava no Brasil, a cópia que encontra-se na Biblioteca Nacional do Brasil desde 1853.
ResponderExcluirMuito boa matéria,mais interessante o fato de estarmos hoje revendo a história e sua importância principalmente influencias deles,dos Holandeses em nossa história.
ResponderExcluirFátima Garcia, no texto uma informação não bate vom as fontes originais "Com a ajuda de Algodão, chefe dos tapuias estabelecidos em Arronches (atual Parangaba), e sob o comando de Joris Gartsman, se apoderaram do fortim, ..". Na carta de 19 de abril de 1638, Garstman cita duas aldeias:uma grande e outra pequena. Ele não cita o nome das aldeias. Bem como ele cita os dois caciques: Diego Algodam e Koygawa. http://images.memorix.nl/naa/thumb/1280x1280/61a83e05-592f-902a-0c43-b8936a93a5cf.jpg
ResponderExcluirBravo !!!
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