População
(IBGE, estimativa 2011) - 252.841 habitantes
Área da
unidade territorial - 248,223 Km²
Densidade
demográfica – 1.006,91 hab/Km²
Limites:
Norte – Caririaçu
Sul:
Barbalha;
Leste:
Missão Velha;
Oeste:
Crato.
Distância de
Fortaleza – 533 km
Localização:
microrregião Cariri
mesorregião Sul Cearense
Em 1827 foi
erigida uma capelinha, pelo Padre Pedro Ribeiro de Carvalho, no local
denominado Tabuleiro Grande, em frente a um frondoso juazeiro, na estrada real
que ligava Crato a Missão Velha, à margem direita do rio Batateira. Esta é a origem
de Juazeiro do Norte. A denominação deve-se justamente à árvore, notável por
manter-se verdejante no rigor das maiores secas.
A pequena
capela foi consagrada a Nossa Senhora das Dores, padroeira do Município, a quem
o Padre doou, como patrimônio, as suas terras e onze escravos. O povoado não
teve grande desenvolvimento até que a 11 de abril de 1872, lá chegou o Padre
Cícero Romão Batista, como sucessor do Padre Pedro Ferreira de Melo. O pequeno
núcleo contava, então, com 12 casas de tijolos e 20 de taipa e palha.
Igreja de Nossa Senhora das Dores
foto do site: http://www.panoramio.com/photo/70763317, por Eduardo Câmara
Com
relutância, apenas para atender a convite dos amigos, Padre Cícero foi a
Juazeiro do Norte celebrar a missa de Natal de 1871. Não tinha a menor intenção
de ficar – mas acabou ficando mais 60 anos.
O motivo da permanência, segundo o padre,
fora um sonho. Após um dia exaustivo em que passara horas a fio confessando
moradores do arraial, Padre Cícero se recolheu a sala da pequena escola onde
estava provisoriamente alojado. Ali adormeceu
e teve a “visão” que mudou drasticamente sua vida. Sonhou que Jesus Cristo
e os 12 apóstolos entravam na sala, acompanhados de um grupo de sertanejos
maltrapilhos. Cristo então comentava as ofensas de que vinha sendo vítima,
prometendo um último esforço para salvar o mundo. Para tal, pedia que o padre o
ajudasse, cuidando dos sofredores dos sertões. Padre Cícero acordou espantado,
mas logo concluiu que o sonho fora uma ordem do Messias e que deveria se fixar
em Juazeiro para ajudar os necessitados.
Juazeiro nas antigas
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=903370
A 11 de
abril de 1872 mudou-se para o povoado, levando mãe e irmãs, tornando-se em
pouco tempo, uma figura amada e estimada na região. Com escassos recursos e esmolas,
restaurou e ampliou a Igreja de Nossa Senhora das Dores, desenvolvendo grande
trabalho pastoral. Visitava os sítios, ensinava receitas de remédios caseiros e
noções de higiene ao povo humilde e sem instrução, pregava constantes missões, coordenava
novenas, terços, e procissões, multiplicava as festas religiosas.
À medida que
a fama do padre Cícero se espalhava, o povoado ia crescendo em população,
multidões dirigiam-se ao lugarejo. Depois da divulgação do “milagre”, no qual
uma beata sangrava pela boca todas as vezes que recebia a hóstia, a cidade
inchou de maneira espetacular.
Igreja de Nossa Senhora das Dores, em sua primeira reforma de 1928
foto do site: http://lucianopaixaopelojuazeiro.blogspot.com.br
Paralelamente
à questão religiosa outro milagre desenvolveu-se em Juazeiro, de consequências
socioeconômicas importantes e provocadas por Padre Cícero. Enquanto milhares de
nordestinos migravam para os cafezais do Sudeste brasileiro e, sobretudo para a
Amazônia, provocando uma escassez crônica de mão-de-obra no final do século XIX
e início do seguinte, o Cariri surgia como uma das poucas regiões do sertão que
adquiriam, em vez de perder, capital humano.
O Padre, na
intenção de ajudar os romeiros que não paravam de chegar a Juazeiro, mandava-os
comprar ou arrendar as terras dos latifundiários caririenses, mandando os
camponeses cultivar os solos locais ainda virgens, em especial nas serras
do Araripe e de São Pedro, e viver sob sua proteção espiritual.
Não tardou,
dessa forma, que os planaltos da chapada fossem subjugados pela enxada dos
romeiros. Eram de tal forma numerosos os que se dirigiam à região que acabaram transformando o apagado município de São Pedro numa cidade
florescente que ficou conhecida como a cidade dos afilhados do Pe. Cícero.
Com isso há
uma impressionante produção de excedentes de alimentos no Vale do Cariri. As
feiras locais ficavam abarrotadas de produtos agropastoris que passaram a ser
exportados para outras partes do Estado e para Pernambuco, Paraíba e Rio Grande
do Norte, confirmando ao Cariri o título de “celeiro do Ceará”.
Por iniciativa de Padre Cícero foi introduzida
na área a produção de borracha de maniçoba; o algodão, cuja cultura estava em
decadência volta a expandir-se entre 1908 e 1911, logo depois do patriarca ter
adquirido uma das primeiras máquinas de descaroçar algodão, movidas a vapor.
Aumentou o número de casas de farinha e engenhocas, fabricando rapadura,
cachaça e açúcar.
centro de Juazeiro - 1962 (acervo IBGE)
Independentemente
da polêmica sobre a questão religiosa, talvez o grande milagre de Padre Cícero
foi ter transformado, em poucos anos, o pequeno povoado de Juazeiro, no mais
importante centro do Cariri, ultrapassando cidades tradicionais como Missão
Velha, Crato, e Barbalha.
Vale
ressaltar, não obstante, que o crescimento de Juazeiro se realizava com as injustiças
típicas do capitalismo, existindo uma pequena quantidade de ricos e um
gigantesco número de pobres e miseráveis. Na Nova Jerusalém, na cidade do Padre
Cícero, cresciam os contrastes sociais. E não só isso: em pouco tempo começaram
a surgir rivalidades entre os nativos e os novos moradores, em geral romeiros
que decidiram ganhar a vida em Juazeiro, abrangendo desde ricos comerciantes a
humildes roceiros – estes forasteiros, com o tempo se tornaram a maioria da
população.
O
desenvolvimento juazeirense iria levar sua elite a pensar em emancipar-se da
subjugação administrativa ao Crato. Esse seria mais um episódio em que Padre
Cicero teria crucial participação, evidenciando sua condição de líder político.
Apesar de toda pujança econômica, Juazeiro era ainda um simples distrito do Crato. Assim desenvolveu-se entre os dois núcleos uma certa rivalidade, pois os cratenses viram perder sua hegemonia no Cariri e os juazeirenses almejavam um poder político condizente com o crescimento econômico.
dia de feira em Juazeiro - 1962 (acervo do IBGE)
A elite da meca do Cariri iniciou então forte campanha emancipacionista, a qual contou até com a fundação do Jornal o Rebate, em 1909. A pressão pela autonomia foi intensa, com passeatas, atos públicos e envio de cartas e telegramas por Padre Cícero ao presidente Nogueira Accioly, que cauteloso, nada decidia, temendo perder correligionários no Crato. Travou-se grande batalha pela imprensa, com ataques pessoais entre figuras iminentes das duas comunidades - nem Padre Cícero foi poupado.
Em 1910 o Crato a pretexto de recolher impostos enviou um batalhão de polícia para Juazeiro. Em meio a grande tensão, o lugarejo mobilizou homens armados para um provável confronto, que acabou não ocorrendo. Contando com a ajuda de outros municípios da região, Juazeiro iniciou um boicote fiscal e deixou de recolher os impostos.
Por fim, a 22 de julho de 1911, Nogueira Accioly, pressionado, fez a Assembleia Legislativa aprovar uma lei concedendo autonomia municipal a Juazeiro. Foi uma jogada astuta do velho oligarca, pois garantiu o apoio eleitoral de juazeiro (já então um dos maiores redutos do estado), onde os moradores seguiriam a orientação do seu padrinho Padre Cícero.
Nomeado Intendente do novo município, uma das primeiras medidas do Padre Cícero foi reunir os chefes políticos da região para apoiar Nogueira Accioly, pois no ano seguinte haveria eleições para o governo. Era o famoso Pacto dos Coronéis, um dos documentos mais significativos da história do coronelismo no Brasil.
No dia da pomposa festa de emancipação oficial do municio de Juazeiro, 4 de outubro de 1911, reuniram-se as 17 lideranças do vale, os quais assinaram e registraram em cartório o tal pacto.
Em 1910 o Crato a pretexto de recolher impostos enviou um batalhão de polícia para Juazeiro. Em meio a grande tensão, o lugarejo mobilizou homens armados para um provável confronto, que acabou não ocorrendo. Contando com a ajuda de outros municípios da região, Juazeiro iniciou um boicote fiscal e deixou de recolher os impostos.
Rua São Pedro, centro da cidade
foto do site http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=482326
Por fim, a 22 de julho de 1911, Nogueira Accioly, pressionado, fez a Assembleia Legislativa aprovar uma lei concedendo autonomia municipal a Juazeiro. Foi uma jogada astuta do velho oligarca, pois garantiu o apoio eleitoral de juazeiro (já então um dos maiores redutos do estado), onde os moradores seguiriam a orientação do seu padrinho Padre Cícero.
Nomeado Intendente do novo município, uma das primeiras medidas do Padre Cícero foi reunir os chefes políticos da região para apoiar Nogueira Accioly, pois no ano seguinte haveria eleições para o governo. Era o famoso Pacto dos Coronéis, um dos documentos mais significativos da história do coronelismo no Brasil.
No dia da pomposa festa de emancipação oficial do municio de Juazeiro, 4 de outubro de 1911, reuniram-se as 17 lideranças do vale, os quais assinaram e registraram em cartório o tal pacto.
Bairro Lagoa Seca, o mais nobre da cidade
foto do site:http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=482326
Formação
Administrativa
Distrito
criado com a denominação de Núcleo de Juazeiro, pelo ato de 30-07-1858, e por
lei municipal nº 49, de 12-11-1911, subordinado ao município de Crato.
Elevado à
categoria de vila com a denominação de Juazeiro, pela lei estadual nº 1028, de
02-07-1911, desmembrado do município do Crato. Sede no atual distrito de Juazeiro ex-Núcleo de
Juazeiro. Instalado em 04-10-1911.
Elevado à
condição de cidade com a denominação de Juazeiro, pela lei estadual nº 1178, de
23-07-1914. Pelo decreto
estadual nº 1114, de 30-12-1943, retificado em virtude do parecer de 14-06-1946
do Conselho Nacional de Geografia, o município de Juazeiro passou a
denominar-se Juazeiro do Norte.
Em divisão
territorial datada de 1-07-1986, o município é constituído de 3 distritos:
Juazeiro do Norte, Marrocos e Padre Cícero.
Alteração
toponímica municipal
Juazeiro
para Juazeiro do Norte alterado, pelo decreto estadual nº 1114, de 30-12-1943,
retificado em virtude do parecer de 14-06-1946 do Conselho Nacional de
Geografia.
fontes:
História do Ceará, de Aírton de Farias
IBGE
Wikipédia
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