Depois da expulsão dos holandeses em 1654, os padres
jesuítas voltaram a seus trabalhos de catequese dos indígenas, começando pela
Ibiapaba, sob a direção do célebre padre Antônio Vieira, que ali foi dirigi-los
em pessoa.
Em 1667, esses padres fundaram um hospício naquela serra e,
em 1722, um outro em Aquiraz, o qual durou até a extinção da ordem.
Padre Antônio Vieira
Houve também outras missões no território cearense, sendo
mais notáveis as de S. João e S. Matheus, na margem do Jaguaribe. A corte de
Lisboa expediu diversas ordens e regulamentos para manter a liberdade dos
índios, que eram capturados pelos colonos, e para adiantar a cristianização
deles, em tudo submetidos ao regime dos padres.
Desconfiados e refratários à civilização europeia,
perseguidos pelos colonos e divididos em tribos que se hostilizavam, eles
viveram em continuas revoltas, perecendo ou internando-se pelos sertões. Em
1660, os tabajaras se revoltaram contra os jesuítas na Ibiapaba, e fizeram o
missionário Antônio Ribeiro ir procurar abrigo no presidio do Ceará.
ruínas do hospício fundado pelos jesuítas em Aquiraz, espécie de seminário que servia de abrigo e escola. ( foto scrapercity)
Por ocasião da seca de 1692, os icós e cariris atacaram as
fazendas de criação do alto Jaguaribe e obrigaram os colonos ao mesmo
expediente. Em 1700, os jucás fizeram grande matança nos quixelôs, no arraial
de São Matheus. Uma das revoltas mais sangrentas foi a dos annasés. Estes,
unidos a outros, atacaram a Vila de Aquiraz em 18 de agosto de 1713. Em fuga, a
população foi alcançada junto a Messejana, sendo mortas mais de 200 pessoas.
Ceará a partir do mapa de 1629, de Albernaz
Entretanto, ia se fazendo a divisão das terras conquistadas.
Para a Coroa Portuguesa, a partir do “descobrimento” do Brasil todas as terras
da Colônia lhe pertenciam como terras devolutas, podendo ser distribuídas como
melhor entendesse. Não havia reconhecimento ao direito dos povos indígenas,
habitantes primitivos das terras. Os
terrenos eram cedidos gratuitamente, bastando serem requisitadas as chamadas
cartas de sesmarias às autoridades coloniais, ou seja, a concessão legal das
terras devolutas, com a obrigação de torna-las produtivas em cinco anos.
Antiga Cadeia de Aquiraz
A partilha começou em 1663 pelas terras da vizinhança do
forte de N.S. da Assunção, concedidas a Felippe Coelho, a começar do riacho
Ipujuca (Pajeú), com três léguas para leste e para o sul. Procedeu-se a
distribuição, porém, com tal confusão, que foram inúmeras as demandas por
limites, e os combates entre famílias acarretaram maior perda dos índios.
Em consequência, mediante a profusão de terras concedidas,
grandes latifúndios se formaram, pelo sistema de sesmarias. Os terrenos variavam de tamanho, havendo os de
5, 10 e 20 léguas em quadra, que podiam ser concedidas a alguém já beneficiado anteriormente. Só em 1753 foi
proibida a concessão de sesmarias a quem já houvesse recebido outras
anteriores.
Fonte:
Ceará
(homens e fatos) de João Brígido
História do
Ceará, de Airton de Fárias
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