terça-feira, 19 de novembro de 2013

Comunidade Quilombola de Conceição dos Caetanos

Localizada no município de Tururu, a 119 km de Fortaleza, Conceição dos Negros ou Conceição dos Caetanos é um dos poucos redutos de negros existentes no Ceará. Quase todos os moradores pertencem a uma mesma família, a de Caetano José da Costa, seu fundador. Proveniente do município de Pacoti-Ceará, ele comprou um pedaço de terra em 1887 por 200 mil réis, três anos depois da abolição da escravatura no Ceará.

Comunidade Quilombola Conceição dos caetanos 

No documento do registro das terras consta o seguinte termo: “confrontações e características do imóvel:  uma posse de terra no lugar Conceição, deste termo, extremando para o sul, no oitão da casa de José Martins com terras de João Germano da Silva. Pelo norte com Francisco Gonçalves Marinho em um salgadinho rumo direito a uma imburana que tem a vista da lagoa Timbaúba, pelo nascente o mesmo vendedor e poente com o Rio Mandahú”.
Caetano trabalhou a terra juntamente com a família dentro dos moldes rurais nordestinos. Possuía como únicos bens a terra, a casa, um coqueiro, um tear e um caixão de madeira que comportava 16 alqueires de farinha.

Comunidade Quilombola em Quixadá (foto Diário do Nordeste)

Como fundador do lugarejo, sendo o mais velho do clã, exercia o poder de um patriarca, com ele eram discutidos os problemas e a ele cabiam as decisões. Não permitia que os negros casassem com brancos. No Ceará, é singular um reduto ter resistido por uma geração ao entrosamento com outras comunidades.



Talvez, por ter sido esta discriminação de uma minoria, por originar-se de um clã e pelo fato do Ceará ter sido o primeiro Estado brasileiro a libertar os escravos, o tempo se encarregou de revelar infrutífera tal atitude.
Assim também nas tradições, danças, canções, costumes, ritos e crenças ensinadas pelo velho Caetano José, praticamente nada mais existe, por não guardarem mais nenhum traço da cultura africana. Desconhecem sua origem, fato que nos surpreende, já que nos revela o mestre Luís Câmara Cascudo: “ em qualquer agrupamento a memória coletiva tem duas ordens de conhecimento: o oficial e o não oficial que é o tradicional, oral, anônimo, independente do ensino sistemático”.

fonte: 
O Ceará dos anos 90 - Censo Cultural

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