Gonçalo Baptista Vieira - Barão de Aquiraz |
Barão da Ibiapaba Domingos Jaguaribe |
Os republicanos históricos tomaram o poder, sendo confirmados no comando da província pelo governo central. Os primeiros anos da República no Ceará foram marcados por muita instabilidade, agitação, troca de governantes e práticas de atos ilógicos e cômicos.
A notícia da Proclamação da República chegou por telégrafo, no final da tarde do dia 15 de novembro. O Ceará era então governado pelo coronel Jerônimo Rodrigues de Moraes Jardim, no poder havia apenas um mês.
Ao tomar conhecimento da notícia, o presidente promoveu reuniões com os comandantes das forças militares, auxiliares e chefes políticos locais, pedindo o auxílio de todos para a manutenção da ordem pública. Chegou a enviar um telegrama ao primeiro ministro do Império, solicitando esclarecimentos, do qual, obviamente, não obteve resposta.
Moraes Jardim foi convidado a aderir à república, mas relutou talvez em razão de não acreditar que o Império pudesse cair tão facilmente, como os fatos davam a entender.
No dia 16, oficiais do 11° Batalhão de Infantaria, alunos do Colégio Militar e membros do Centro Republicano se reuniram na Praça dos Mártires (atual Passeio Público) para garantir a adesão do Ceará ao novo regime – deliberaram pela deposição do presidente Moraes jardim.
A aglomeração, sob o olhar curioso e espantado da população de Fortaleza, deslocou-se a seguir em direção ao palácio do governo.
Passeio Público em 1915 (Nirez)
Para aqueles exaltados republicanos cearenses, a Proclamação da República era como uma Revolução Francesa nos trópicos. Chegando à sede do governo, a multidão intimou o último presidente monarquista do Ceará a entregar o poder, ao que Moraes Jardim não ofereceu nenhuma resistência.
Depois por indicação do major Manuel Bezerra de Albuquerque, professor do Colégio Militar, foi indicado para governar a província Luís Antônio Ferraz, comandante do 11° Batalhão. Alguns republicanos mais entusiastas protestaram contra essa escolha – afinal Ferraz fora um leal servo da monarquia, inclusive alguns dias antes havia sido convidado a ajudar a causa republicana, tendo recusado e ainda vociferado palavrões e maldições contra os republicanos.
Palácio da Luz em foto de 1908 (Nirez)
No dia 18 de novembro de 1889 chegou um telegrama enviado pelo ministro do governo federal Aristides Lobo, comunicando a nomeação de João Cordeiro para a presidência do Ceará. Cordeiro, sem saber bem o que fazer, respondeu ao governo federal que recusava a tal nomeação, pois já havia sido aclamado e empossado o Coronel Ferraz.
Aristides Lobo e outro ministro, Rui Barbosa, passam novo telegrama, dizendo que ficava sem efeito a aclamação, devendo ele, João Cordeiro, sem demora, tomar posse do governo. Diante de uma nova recusa de Cordeiro, o jeito foi o governo central aceitar Ferraz como governador do Ceará, sendo este efetivado oficialmente a 1° de dezembro de 1889.
Os republicanos históricos que sonharam ardorosamente em chegar ao controle do Ceará recusaram a oportunidade e deixaram o comando do Estado nas mãos de um simpatizante da monarquia.
fonte:
História do Ceará, de Airton de Farias
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