Quando Padre Cícero foi eleito para o cargo de prefeito de
Juazeiro, em 1911, o evento foi marcado por uma fotografia em forma de
medalhão. Feita a partir de um close, o retrato apresenta a imagem oficial de
um padre que havia assumido significativo lugar na política. Trata-se do rosto
emoldurado que foi colocado nas paredes da prefeitura. Ao mesmo tempo foi um
dos retratos que mais despertaram a vaidade do Padre Cícero. A partir dessa
matriz, ele mandou imprimir uma infinidade de cartões-postais. Seguindo a moda
de então, o padre desenvolveu o hábito de oferecer a própria imagem como prova
de amizade e estima.
No centro Presidente do Estado Moreira da Rocha; a esquerda, Padre Cícero e à direita, Floro Bartolomeu
Grande parte das fotos nas quais o Padre Cícero aparece ao
lado de políticos é composta por registros das visitas de três presidentes de
Estado a Juazeiro: João Thomé de Saboya, em 1917, José Moreira da Rocha, em
1925 e José de Mattos Peixoto, em 1929.
Os envolvidos nas tramas da política dos coronéis sabiam que
o apoio de Padre Cícero tinha inestimável importância. As poses programadas
diante do flash constituíam ritos de sacralização dos interesses que
caracterizavam as classes dominantes.
Presidente joão Thomé e Padre Cícero em 1917
Aos 80 anos, Padre Cícero serviu de modelo para uma estátua
de bronze em tamanho natural. Seguindo as orientações de Floro Bartolomeu. O escultor
Laurindo Ramos fez uma imagem que procurava ser a mais realista possível, com
grande riqueza de detalhes. O rosto, as mãos, o caimento da batina, foram
esculpidos de modo a reproduzir, com perfeição os traços físicos do padre. Como
previsto, a estátua do Padre Cícero foi colocada na praça mais importante de
Juazeiro. O lugar, antes chamado de
Praça da Independência, ganhou outro nome: Praça Almirante Alexandrino. A inauguração
da praça em 1925 assumiu ares de cerimônia oficial e patriótica, contou com a
presença de várias autoridades e desfiles de um destacamento da Escola de
Aprendizes Marinheiros da Capital.
Praça Almirante Alexandrino
foto: http://historiadejuazeiro.blogspot.com.br
A estátua de bronze transformou-se em um dos símbolos do
progresso da cidade. Para as classes dominantes de Juazeiro, Padre Cícero não
poderia ser visto como um santo de fanáticos. A exaltação que muitos membros das
classes média e alta desenvolveram em torno do Padre Cícero, até mesmo
chamando-o de santo, construiu-se com a preocupação de não apresentar
manifestações de ignorância religiosa. É um culto racionalizado, que coloca em
destaque as virtudes pessoais do patriarca: o padre virtuoso, perseguido pela
igreja junto com a imagem do prefeito, honesto, caridoso, trabalhador e que
promoveu o desenvolvimento da cidade.
extraído do artigo de Francisco Régis Lopes Ramos
Juazeiro e Caldeirão: espaços de sagrado e profano
publicado no livro uma Nova História do Ceará
Muito bem, usa o cajado q Deus lhe deu e taca na cabeça desse padre cicero, por q esse cajado d padre cicero só servia para ser um mercenario.
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