sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Ipaumirim

As terras que hoje compreendem o município de Ipaumirim, cuja denominação antiga era Alagoinha, quando ainda era vila do município de Baixio, ficam situadas no sul do Estado e fazem limites com as comunas do Icó, Lavras da Mangabeira e Estado da Paraíba. Ipaumirim  originou-se do município de Baixio. A ferrovia que passava por ali contribuiu para o progresso da localidade, do que lhe adveio a independência política e administrativa. O comércio com a cidade de Cajazeiras, na Paraíba, foi fator preponderante para a outorga da maioridade à vila de Ipaumirim.   

A Estação Ferroviária foi inaugurada em 1923 no município que teve a sede transferida de Umari para Baixio em 1933. 

A crônica histórica registra que um dos primeiros habitantes ad região foi o francês Joseph Aleth Doullette, que segundo o Barão de Studart, levantou as primeiras casas em Umari. A tradição popular guarda ainda o nome de Antônio Malheiros, fazendeiro abastado que foi um dos que colaboraram para a fundação do lugarejo. A matriz de São Gonçalo, situada na praça principal da cidade de Umari, foi mandada construir  pelo francês Joseph. É construção antiga, secular e, apesar das reformas, ainda guarda os traços marcantes e vivos da arquitetura colonial. O cemitério de Umari originou-se do fato de Joseph ter se escandalizado da distância percorrida para realizar sepultamentos. Partiam de Umari e iam fazer sepultamentos nos sertões de Icó.


Igreja Matriz de N. S. da Conceição em 1983 

Corria o ano de 1824 e a dramática República do Equador, fruto do idealismo revolucionário de alguns liberais, agonizava. Certa manhã, Umari recebe centenas de combatentes que atravessavam os sertões, vindos dos lados da Paraíba e Pernambuco. Fazia parte da tropa o famoso Frei Caneca, mais tarde, fuzilado. Félix Antônio de Albuquerque, ex-presidente da Paraíba, revolucionário, era o chefe supremo da força. Ao deixarem Umari, alguns dias depois, dava-se o encontro decisivo com as tropas de Pereira Filgueiras, e a derrota foi fatal e dramática.

Colégio Francisco de Assis Pires
Colégio XI de Agosto 

O município de Umari foi criado de conformidade com a Lei estadual n° 2046, de 12 de novembro de 1883. Com a inauguração da estrada de ferro passando por Baixio, o progresso logo chegou à localidade. O comércio tomou impulso e o lugar prosperava em pouco.


Praça Oswaldo Ademar Barbosa

Praça Padre Cícero

Daí saiu o Decreto n° 650, de 30 de junho de 1932, transferindo a sede do município de Umari para Baixio, erguido em Vila, passando o município a ter o mesmo nome, Baixio. Umari passava assim a simples condição de vila, a integrar com o território do seu distrito, o município recém-criado. Com o correr dos anos Alagoinha passa, então, a ter vida própria, com movimentado comércio, feiras concorridas, missas aos domingos, construção de boas residências, ruas calçadas, iluminação e a edificação de alguns prédios públicos.


Sede da prefeitura municipal

Em 30 de dezembro de 1943, Alagoinha passara a denominar-se Ipaumirim. A população começa então a lutar pela sua autonomia.  A Lei 2161, de 12 de dezembro de 1953, transfere a sede do município de Baixio para a Vila de Ipaumirim, elevada a categoria de cidade.

Do antigo município de Umari se originaram as cidades de Umari, Baixio e Ipaumirim, sendo o primeiro, historicamente, o mais antigo dos três.  O município de Ipaumirim é constituído de três distritos: Ipaumirim, Felizardo e Canaúna.


Antiga agência do Banco do Estado do Ceará - BEC

Localizado na microrregião de Lavras da Mangabeira, mesorregião do Centro-Sul Cearense, sua população segundo o censo 2010 é de 12.009 habitantes, com projeção de 12.281 moradores em 2014. O município é o único do Ceará que não se encontra na área de influência urbana de Fortaleza, estando em seu lugar sob o comando do Recife.

Limita-se com as cidades de Baixio, Aurora, Lavras da Mangabeira, Cachoeira dos Índios e Bom Jesus, ambas na Paraíba e fica a 420 km de distância da Capital Fortaleza.  

Capela de São Sebastião no alto da Pedra de São Sebastião
Imagem: http://www.citybrazil.com.br/


A maior festa religiosa do município é realizada em louvor a São Sebastião, festejos que começaram em Ipaumirim por volta de 1919. A tradição oral reza que a moradora do Sítio Serrote, Maria Lúcia, devota do Santo, fazia caminhada diária para a pedra e, como resultado de uma graça alcançada, colocou uma imagem do santo no morro. Caçadores encontraram a imagem e levaram-na para a capela na antiga Vila Lagoinha.  

Sem que ninguém soubesse, Maria José reconduziu novamente a imagem para o morro. Isso se repetiu várias vezes. Alguns acharam que era milagre o reaparecimento da imagem sempre no mesmo lugar. Em 1920, o coronel João Augusto Lima instalou uma cruz de madeira no alto da pedra. A partir daí foram abertas trilhas e começou a romaria para o local.

Capela de São Sebastião no alto do morro
imagem: https://memorialdeipaumirim.files.wordpress.com/2008/01/dsc05317.jpg 

Em 1957, foi inaugurada a Capela de São Sebastião, em cima da pedra. Em 2000, o município fez uma ampla reforma na área e instalou uma escadaria com corrimão e degraus em alvenaria. 

A cada 20 de janeiro, a movimentação de romeiros é intensa. Durante todo o dia, os devotos sobem uma escadaria de 204 degraus de acesso ao alto do morro, onde está a capelinha com a imagem do santo. Alguns pagadores de promessa fazem o percurso de joelho, enfrentando a dor e o sacrifício. Outros caminham de pés descalços. O destino é um só: chegar à Pedra de São Sebastião para rezar, renovar preces e agradecer pelas graças alcançadas. 

      fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros
fotos do ano de 1983, do acervo do IBGE

 

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