segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A Romaria de Canindé

 

Localizado no sertão do Ceará, o município de Canindé fica a 115 km da capital Fortaleza.  O principal evento religioso/cultural é a festa do padroeiro: a de São Francisco das Chagas, popularmente conhecida como a Romaria de Canindé. Uma das festas religiosas mais antigas do estado de Ceará 

 

A Festa de São Francisco das Chagas é um dos eventos religiosos mais antigos do Brasil e acontece de 24 de setembro a 04 de outubro – dia dedicado a São Francisco – Essa data é alterada apenas em anos de eleições, caso desse ano de 2014, razão pela qual o evento foi adiado para o período de 09 a 19 de outubro. 
  

Sala de Ex-votos
O ex-voto ( voto realizado) é o presente dado pelo fiel ao seu santo de devoção em consagração, renovação, agradecimento ou pagamento de uma promessa. As expressões votivas são tradicionalmente reconhecidas sob as formas de pinturas ou desenhos, figuras esculpidas em madeira, modeladas em argila ou moldadas em cera, muitas vezes representando partes do corpo que estavam doentes e foram curadas. Comumente são representados como placas com inscrições, manuscritos em papel ou como objetos de uso cotidiano, como fotografias, mechas de cabelos, roupas, etc. 


Em Canindé se encontra a estátua de São Francisco, com 30,25 metros de altura, feita por mestre Bibi, escultor de outras esculturas  conhecidas. A imagem foi colocada no alto do Moinho, o bairro mais elevado da cidade, onde pode ser avistada por todos que se aproximam de Canindé. O monumento foi inaugurado em 4 de outubro de 2005.  


Eles têm dia marcado para o encontro com São Francisco em Canindé. Vem de outras cidades do Ceará, do Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão, dos demais estados do Nordeste e desse Brasil afora. Chegam pelos meios de transporte mais diversos, ônibus fretado, semi-leito, pau-de-arara,  automóvel, bicicleta, moto e à pé. 
Trazem pouca bagagem, “ex-votos” para agradecer a graça alcançada, e um mundo de tristezas para trocar pela alegria de participar da festa.  Deste modo eles procedem,  esta gente cheia de dores e esperanças, os romeiros de São Francisco, “o pobrezinho de Assis”.
Encontram a cidade pronta para recebê-los. Cada uma das casas transforma-se em pousadas. E há também o rancho dos romeiros, capaz de abrigar de uma só vez, milhares de peregrinos.
Porém, antes mesmo de buscarem hospedagem, fazem a visita primeira e obrigatória à Basílica de São Francisco. Só então, com a benção do Santo, começam a peregrinação pela cidade. Trazendo ou não oferendas, uma das passagens obrigatórias é pelo salão de ex-votos, verdadeiro museu das dores e da cultura nordestina. Nele está depositado um dos mais ricos tesouros antropológicos de nossa cultura.
Em seguida, há o passeio pelo Convento dos Franciscanos, onde os romeiros acreditam estar São Francisco ainda hoje escondido. Depois se segue a Via Sacra, as procissões, as missas, as rodas de emboladas de coco, as milhares de tendas e barracas do comércio ambulante, e de noite, o parque de diversões. 
O importante é sentir-se romeiro, um entre milhares de irmãos. O encontro revigora-lhes as forças, dá novo ânimo. A volta para casa é rápida, cheia de boas recordações, lembranças que deverão durar até a próxima festa.



Extraído do livro O Ceará dos Anos 90 – Censo Cultural
fotos de Raquel Garcia e Rodrigo Paiva
out/2014 

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