sábado, 22 de fevereiro de 2014

Sobral, a Princesa do Norte



Boulevard do Arco 
imagem: http://blogdafolha.blogspot.com.br/2012/07/sobral-real-e-distinta.html

A cidade de Sobral surge nas margens  do rio Acaraú, caminho natural das terras sem fim do vale do Acaraú, onde se ergueram, com o correr dos anos, na quadra da conquista do Siará Grande, arraiais, povoados e vilas, mais tarde transformadas em cidades.
Dizem os historiadores, baseados em documentação irrefutável, que a região foi povoada por famílias que vieram ter ao Ceará acossadas pelos atropelos  da guerra contra os holandeses. Um dos primeiros núcleos então formados foi localizado nas proximidades do riacho Guimarães, que em 1712, já possuía uma capela.
Em 1735 o Alferes Lourenço Guimarães de Azevedo, fundador do povoado, doava cem braças de boas terras ao patrimônio da capelinha, tendo em vista que o padre visitador, Lino Gomes Correia havia afirmado que, ou se doaria patrimônio à capela, ou a freguesia ficaria interditada.
Afora esse povoado, outro arraial, o de São José, se formou nas proximidades do local onde iria surgir a cidade de Sobral. Destes dois núcleos partiu o povoado de todo o vale do Acaraú, através do trabalho agrícola, do estabelecimento de fazendas de gado e da indústria da carne-de-sol (charque), muito comum nas redondezas. 

Rua de Sobral - 1924

De uma das grandes propriedades que se ergueu com cerca de pau a pique, enorme casarão e com centenas de empregados, nasceu a cidade de Sobral. Corria o ano de 1740. Em torno da casa grande da fazenda Caiçara, de propriedade do capitão Antônio Rodrigues Magalhães e sua mulher D. Quitéria Marques de Jesus, começou  a se formar o arraial. Foram surgindo pequenas casas de taipa.
Em 1742, o padre visitador vindo da povoação de São José, demorou-se na fazenda Caiçara e, diante da prosperidade do lugar, resolveu que ali deveria ser a sede do Curato de Acaraú, por ser mais ou menos o seu centro, sendo então edificada uma igreja.

 Matriz da Conceição, hoje Catedral da Sé 

Em 1746 o padre Antônio Carvalho Albuquerque dá início ao novo templo em louvor a N. S. da Conceição  e que seria a matriz do curato.  Em 1746 foi o padre Dr. João Ribeiro Pessoa, mandou edificar a Igreja matriz, hoje catedral, ao lado do antigo templo.  As obras foram iniciadas em 1778, com a mão-de-obra de índios tapuias, enviados de Viçosa.
A Carta-Régia de 22 de julho de 1776 determina ao governador geral de Pernambuco que se criasse mais uma vila no Siará Grande e que esta fosse localizada na povoação de Caiçara, que passaria a se chamar de Vila Distinta e Real de Sobral. A instalação ocorreu no dia 5 de julho de 1773, com território desmembrado de Fortaleza.  

     Câmara Municipal de Sobral

Sobral sempre participou dos movimentos cívicos e políticos de maior expressão  registrados no Ceará. Em 1817, quando o sul da província se agitava em torno das ideias republicanas, reflexo do levante pernambucano  de 6 de março, a Câmara de Sobral por seus membros, Francisco Joaquim de Sousa Campelo, Antônio José de Faria, Cristóvão Moreira Pontes, Custódio José Correia da Silva e Antônio Januário Linhares, dirigiu ofício ao governador da Capitania, Manuel Inácio de Sampaio, em que reafirmava os votos de fidelidade ao Império.
O movimento revolucionário que eclodiu em Pernambuco em 2 de julho de 1924, com o nome de Confederação do Equador , já havia lançado suas raízes no Ceará. Tanto é que, em Fortaleza, José Pereira Filgueira, comandante das armas, falando ao povo na Praça do Conselho (atual Praça da Sé), propusera a demissão do Presidente Costa Barros, que se retirou do governo após lavrar um protesto contra o acontecido. A escolha para seu substituto provisório recaiu sobre o tenente-coronel Tristão Gonçalves de Alencar Araripe.
Através de mensagens às Câmaras do Interior, Tristão Gonçalves  conclamava a população a aderir à ideia de formação de um governo confederativo das Províncias do Norte. Em Sobral, o Senado da Câmara se recusa a aprovar o projeto de constituição apresentado pelo Imperador, fazendo-lhe ver  que os cidadãos de todas as classes, decidiram não aceitar o projeto por contrariar os direitos e interesses do povo brasileiro. Aceitando a proclamação que Tristão Gonçalves fizera, a Câmara de Sobral a ela aderiu, voltando, entretanto, a jurar obediência ao imperador.


 prédio da Prefeitura em 1924

O presidente José Martiniano de Alencar chega a Sobral em 1° de dezembro de 1840, acompanhado de alguma força, com o objetivo de convencer o tenente- coronel  Francisco Xavier Torres e entregar o comando da força pública, a fim de evitar uma revolta das tropas ali sediadas para combater os balaios.  Na noite de 11 de dezembro o palacete do Senador Francisco de Paula Pessoa, onde se hospedara  José de Alencar, foi alvejado pela fuzilaria da tropa de Xavier Torres, entrincheirada no sobrado de Domingos José Pinto Braga, na mesma rua. Depois de várias horas de combate, triunfou a tropa governista, entregando-se o chefe do levante, Xavier Torres, a 10 de janeiro, nas proximidades de Baturité, ao coronel Antônio Barroso de Sousa, que o perseguia com numerosa tropa.



  Rua Senador Paula, durante a enchente de 1924 

A Vila de Sobral foi elevada à categoria de cidade em 12 de janeiro de  1841, com o título de Fidelíssima Cidade Januária do Acaraú (Lei 229 da mesma data sancionada pelo presidente José Martiniano de Alencar). O sucessor de Alencar, após um ano, mandou voltar o antigo topônimo Sobral (Lei 244 de 25 de outubro de 1842).
Sobral é sede de bispado desde 1915 instituído pela Santa Sé por decreto de 10 de novembro, sendo seu primeiro titular D. José Tupinambá da Frota, sobralense, sagrado em Salvador, Bahia, em 29 de junho de 1916.
Em divisão territorial datada de 2005, o município é constituído de 13 distritos: Sobral, Aprazível, Aracatiaçu, Bonfim, Caioca, Caracará, Jaibaras, Jordão, Patos, Rafael Arruda, Patriarca, São José do Torto e Taperuaba.  

 Enchente do Rio Acaraú em 1924

Demografia:
População (estimativa 2012) – 193.134 habitantes
População (Censo 2010) – 188.233 habitantes em 59.981 domicílios
Total de homens (2010) – 91.462
Total de mulheres (2010) – 96.771
Densidade demográfica (2010) – 88,67 hab/km²
Geografia:
Área do território – 2.122,989 km²
Clima – tropical quente semiárido e tropical quente semiárido brando com chuvas de janeiro a maio. 
Relevo – planície fluvial, depressão sertaneja e maciços residuais

Limites: Norte: Alcântaras, Meruoca, Massapê, Santana do Acaraú,
Leste: Miraíma, Irauçuba,
Sul: Santa Quitéria, Forquilha, Groaíras, Cariré,
Oeste: Mucambo, Coreaú   
Distância até Fortaleza – 240 km

fontes:
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros - IBGE/1957
Anuário do Ceará 2013
fotos do IBGE e Arquivo Nirez

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