sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Histórias de Cococi


Cococi é um distrito do município de Parambu, sertão dos Inhamuns Cearenses. A pequena localidade foi sede de município entre 1954, e o final dos anos 60, com Posto Fiscal, Prefeitura, Matriz, Escola e Hotel. Hoje quase vazia de pessoas,  permanece em sua arquitetura e na memória de antigos moradores.  
Povoado fantasma, museu vivo de épocas memoráveis, está localizado em terreno de Eládio Feitosa, herdeiro mais rico do famoso clã dos Inhamuns, que conserva a antiga vila como uma relíquia.


Cococi fica a 27 km da sede do município de Parambu, tendo como único cesso uma estrada de piçarra. (foto G1)

Fundada no início do século XVIII por Francisco Alves Feitosa, o primeiro coronel da família, Cococi transformou-se no reduto maior, marco principal do império dos Feitosas, a mais poderosa oligarquia da história da colonização cearense.
Sua capela mandada construir pelo coronel fundador da vila, dedicada a N. S. da Conceição em 1740, encontra-se até hoje perfeitamente conservada, na harmonia singela de sua arquitetura neoclássica.

Os enormes casarões que formam a larga e única rua da antiga cidade, pertencentes aos diversos ramos da família, guardam  memória dos dramas e feitos daqueles que ao longo dos séculos dominaram os sertões quase selvagens dos Inhamuns. Histórias fantásticas de sinhazinhas, como Ana Feitosa, que morreu picada por uma das serpentes que criava. De Maria Alves Feitosa, cujo marido, embriagado, costumava agredi-la em plena procissão. Ou de Francelina, amante do major Feitosa, derradeiro chefe do clã, que ao morrer lhe destinou parte da herança. 
Episódios heroicos e tenebrosos da luta pela conquista de terra, gado e gente, façanha dos capitães-mores, exterminando índios, escravizando negros e domesticando mestiços.


A igreja é o único imóvel preservado de Cococi. De 29 de novembro a 8 de dezembro, o Distrito recebe cerca de 300 pessoas por dia que vem participar das novenas dedicadas a N. S. da Conceição. (foto G1) 

Cococi perdeu o status de cidade e voltou a ser Distrito de Parambu em 1968, por conta de questões ligadas a verbas públicas: Segundo a versão popular, o Major Feitosa, em seu segundo mandato de prefeito utilizou verbas destinadas a investimentos locais na compra de gado. O fato repercutiu e criou insatisfação entre os próprios membros da família. Diante da irregularidade, a Ditadura Militar decidiu rebaixar o município à condição de Distrito.

Revoltados, os Feitosas começaram a se retirar do local, no que foram seguidos pelos demais moradores em razão da falta de oportunidade de emprego e trabalho, já que eram os membros do clã que moviam a economia local. 

Hoje apenas 2 famílias compostas de 7 pessoas residem em Cococi, que sobrevive sem abastecimento regular de água, sem energia elétrica, sem calçamentos nas ruas, sem transportes públicos, sem postos de saúde, sem vizinhos... 

Fonte: 
O Ceará dos Anos 90, censo cultural.    

4 comentários:

  1. Se Eládio Feitosa é o herdeiro mais rico, se ele "preserva" a vila como reliquia, POR QUE ele nao restaura a casa grande??, porque ele nao reergue a cidade em nome da família,?? Por que ele nao restaura a honra, o poder e a grandeza que um dia foi a nossa família??

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    1. fica ai a sugestão para seus parentes, Uriel
      abs

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    2. Sou Feitosa, mais meu bisavó em 1900 veio para Alagoas, só agora tomo conhecimento da história da família e de Cococi, uma cidade realmente fantástica, acho que atualmente só um projeto ligado a desenvolvimento do turismo e patrimônio pode restaurar esta fase bonita e importante da história do Brasil em especial a conquista do sertão.

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  2. Desde que li pela primeira vez sobre Cococi,me apaixonei pelas historias do lugar.
    Espero que algum dia,possa ver minhas inspirações para a escrita,pessoalmente.

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