quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Os Piratas Aéreos do Ceará

Corria o ano de 1984 e a abertura democrática avançava rápido, a Ditadura estava com os dias contados. Aconteceu, porém, em Fortaleza um fato discrepante: dois jovens simpatizantes da esquerda, sem filiação partidária, moradores do Conjunto Ceará, influenciados pelo livro A Ilha, de Fernando Morais, sequestraram um avião lotado, desviando o voo para Cuba. Os rapazes esperavam aprender técnicas de guerrilhas, para fazer a revolução no Brasil. Os terroristas cearenses eram João Luís Araújo e Fernando Santiago, que ainda levou a tiracolo a esposa Raimunda Aníbal e a filha Fernanda,  então um bebê de três meses de idade.

foto: http://www.cruzeirovirtual.com/forum/viewtopic.php?f=3&t=2122

O voo sequestrado era o de número 302 da Cruzeiro do Sul, que teve início no Rio de janeiro com destino a Manaus com 176 pessoas, dos quais 158 eram passageiros.  O voo partiu do Aeroporto de São Luís – que era uma das escalas – na sexta-feira, 3 de fevereiro e pousaria  em Belém, no dia seguinte pela manhã. De acordo com um porta-voz da Cruzeiro do Sul, antes que o avião chegasse a Belém os sequestradores entraram na cabine e forçaram o piloto a desviar o voo.

Durante a operação, diziam que, se não fossem atendidas suas exigências, explodiriam uma bomba no avião. Era tudo mentira, mas, como ninguém quis arriscar e verificar se era ou não verdade,  os sequestradores dominaram a situação. Quando chegaram à Guiana, trocaram os passageiros por combustível, e mantiveram a tripulação na aeronave.

Os passageiros não foram avisados de que o avião havia sido sequestrado e inicialmente achavam que más condições tinham atrasado o pouso em Belém;  mas pela hora em que o avião pousou no aeroporto da Guiana, sabiam que haviam sido sequestrados, mas não sabiam aonde estavam.

A demonstração de despreparo e ingenuidade dos dois rapazes,  verificou-se com um fato jocoso: o piloto do avião não dispunha de mapas para voar até Cuba. Fernando  Santiago disse que tinha um mapa consigo na mochila – e apresentou um mapa num livro escolar.

Apesar do mau planejamento,  conseguiram chegar à Havana. As autoridades da ilha permitiram que a tripulação levasse a aeronave de volta para o Brasil. Quanto aos sequestradores,  estes permaneceram mais de um mês em observação, sabatinados com perguntas que tinham o objetivo de descobrir intenções ocultas naquela aventura. 

Depois de muito interrogatório, as autoridades cubanas chegaram à conclusão que os rapazes falavam a verdade, e a partir daí, receberam apoio oficial.  Ficaram em Cuba por dez anos, tendo os estudos custeados pelo governo. 

Todos retornaram ao Brasil em 1995, com a prescrição do crime. Fernando passou a viver no Acre, trabalhando como historiador; João Luís, psicólogo de profissão, foi morar em Crateús. Raimundo Aníbal separou-se de Fernando ainda em Cuba e casou-se novamente com um cidadão cubano, de quem depois enviuvou. E todos os envolvidos viveram felizes para sempre.

Fontes:
História do Ceará, de Airton de Farias
Wikipédia

6 comentários:

  1. sou morador do conjunto ceara na epoca do acontecido nao compreedia muito esse sequestro do aviao pois era muito jovem hoje depois de ler ma wilkipedia as coisas se esclareceram pois esse acomtecimento marcou muito a populaçao do conjunto ceara e a mim tambem

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  2. pois é, João Marcos Nobre, como o tempo cura todas as feridas, hoje o episódio está na conta do folclore.

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  3. Graça e paz a todos!

    Infelizmente Fátima Garcia, o Brasil por motivos óbvios, não conta sua "verdadeira história". Exemplos: Seu descobrimento, o acordo entre o rei de Portugal e seu filho Don Pedro, em que parte do território brasileiro (norte do hoje Piaui, Maranhão, Grão Pará que envolvia hoje: O Pará, Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins. Também os hoje Mato Grosso e Mato Grosso do Sul ficariam com Portugal, E foi prevendo que esta divisão poderia ensejar rebelião dos brasileiros que moravam nestas regiões, que Portugal enviou e aquartelou no Maranhão poucos meses antes de 7 de setembro de 1822, seu herói de guerras major João José Fidié com 1.500 soldados, farto armamento, munição, e até mesmo alguns canhões. Os brasileiros do Piaui (Campo Maior) se rebelaram querendo ficar Brasil, e ADERIRAM a Don Pedro como imperador do Brasil. Dai, ocorreu então a batalha do Jenipapo, uma luta entre os jagunços brasileiros mal armados e sem treinamento de combate, contra tropas profissionais portuguesas. Morreram cerca de quatrocentos jagunços nordestinos no combate, porém, logo depois, com ajuda de tropas brasileiras enviadas pelo Ceará, as tropas portuguesa se rederam e seu comandante foi deportado para Portugal.

    Se o Brasil não conta sua história, isto respinga nos acontecimentos como a guerra de Canudos na Bahia, o bombardeio do caldeirão no Ceará, os campos de concentração no Brasil na época da 2ª Guerra mundial. Os campos também de concentração no Ceará, porém para os "matutos" do interior que fugiam das secas de 1915 e 1932, campos em que milhares morreram por enfermidades e fome. Por esse comportamento minha cara Fátima Garcia, é que não se ver nas dependência do aeroporto de Fortaleza, qualquer registro oficial fazendo alusão de que tenha existido o aeroporto CONDOR na barra do Ceará, como o primeiro aeroporto do Ceará. Muito menos, existem registros oficiais e gravuras (já que não havia fotografia), de que foi na barra do Ceara por ordem de Pernambuco, que foi instalada a primeira vila da capital, com pelourinho e tudo no forte de santo agostinho, onde perdurou por quatro anos. Aquiraz veio posteriormente, até que os índios expulsaram a todos, sendo então transferida "definitivamente" para áreas da fortaleza hoje 10ª Região militar, e se originou "Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção ou apenas Fortaleza capital do Ceará. Temos muitos outros fatos históricos sem esclarecimentos ou divulgação até hoje estimada Fátima Garcia.

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  4. os "sequestradores" não viveram felizes para sempre. A historia é bem outra.

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  5. Os "sequestradores" não viveram felizes para sempre. A historia é outra. E em Cuba tiveram uma vida bem diferente da que está contada. Entrevistei-os e Wolney Oliveira fotografou-os para o DIÁRIO DO NORDESTE,jornal no qual trabalhava na época.

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  6. Olá Inês, retirei o texto do livro História do Ceará, pessoalmente nem lembrava dessa história. Mas estamos sempre procurando melhorar as informações que passamos no blog. Suponho que a reportagem do DN seja da época do acontecimento, certo?

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